O Núcleo de Saúde Física e Reabilitação (Coesas) da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) promoveu uma importante discussão sobre a realização de atividades físicas por pacientes pós-cirúrgicos no segundo dia do XIX Congresso Nacional de Cirurgia Bariátrica. Profissionais de Educação física de todas as regiões brasileiras ( Rio Grande do Sul, Paraná, Ceará, Rio de Janeiro, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco, Mato Grosso do Sul) e até de outros países, como o Chile, abrilhantaram os trabalhos.
Para a presidente do Núcleo de Saúde Física e Reabilitação da SBCBM, Emilian Rejane Marcon (RS), coordenou a mesa sobre os impactos da atividade física no pós-operatório x literatura.
Segundo ela, não existe um consenso específico para pré e pós-operatório.
“Mas já sabemos que os pacientes que fazem exercícios físicos já no pré-operatório tem um pós-operatório muito melhor. Exercícios de baixa intensidade apontam para uma melhor adesão e melhor resposta no tratamento, com a questão da perda de peso e manutenção desse peso perdido”, afirmou.
“ O que precisamos adequar é a relação entre intensidade, utilização e volume dos exercícios físicos, para que tenhamos um bom resultado. Os pacientes com maior frequência de exercícios tem uma melhor resposta e mais ganhos no tratamento”, aponta Rejane.
Entre os temas abordados nas aulas do Núcleo estão Tecnologia, Obesidade e Exercício Físico: Como Prescrever com Essa Tríade? (Andressa Gulin/RS), Exercícios Físicos e Cirurgia Bariátrica, Qual o Consenso? (Emilian Rejane Marcon/RS), O Uso de Tecnologias que Auxiliam o Fonoaudiólogo em sua Atuação Junto a Equipe de Cirurgia Bariátrica (Andréa Cavalcante/CE), Eletroestimulação e Reabilitação: uso no Paciente Bariátrico (Andreia Cavalcanti/RJ), Associação da Eletroestimulação ao Exercício Físico: Indicações e Contra-Indicações no Paciente Bariátrico (Cristina Aquino/PR), Atualidades Frente à Admissão de Obesos Mórbidos na Unidade de Internação e Centro Cirúrgico pela Enfermagem (Thaís Giraldi/GO).
Outra mesa trouxe temas relacionados às condutas para Sarcobesidade e Dor. Os palestrantes expuseram seus pontos de vista sobre os Efeitos da Cirurgia Bariátrica Sobre a Injúria Renal (Carolina Montanari/RS), Atuação do Fisioterapeuta na Dor Mediana Pelos Marcadores Inflamatórios Gerados Pelo Tecido Adiposo (Miriam Girundi/MG), Dor no Pré-Operatório: É Possível Realizar Exercícios Físicos? (Emilian Rejane Marcon/RS), No Pós-Operatório, Como Conduzir ao Atendimento Fisioterapêutico Frente aos Quadros Álgicos? (Karla Cusmanich/SP), Pontos Chave na Avaliação Fisioterapêutica e Condutas no Paciente Bariátrico com Polineuropatia (Ana Paula Limongi Richardelli Velloso/SP), Neuropatia, Exercício Físico e Cirurgia Bariátrica, o que Sabemos? (Otto Henrique Nienov/RS) e Fisioterapia no Pós Imediato Protocolo de Cinesioterapia Muscular e Respiratório Preparo Manutenção e Ganho de Funcionalidade (Danillo da Silva Alves/PB).
A Vice-Presidente do Núcleo de Saúde Física do COESAS, Cristina Aquino (PR) fez uma avaliação sobre o uso de Eletroestimulação no tratamento bariátrico, para ela, os estudos ainda são muito poucos:
“A eletroestimulação parece não ter impacto nesse quesito de perda de peso, porém no tocante ao ganho de força ela parece ser efetiva”, salienta.
Já a mesa 03, realizada no período da tarde, foi a mais extensa, trazendo sete discussões relacionadas à obesidade e as comorbidades associadas. Dentro dessa seara, foram abordadas questões como o Treinamento da Musculatura Inspiratória na Sahos (Juliana Chiancone Franzotti/SP), Apneia do Sono e Exercício Físico (Ragami Chaves Alvez/PR), Atuação Fonoaudiológica na Sahos (Ângela Guerra/GO ), Atuação da Equipe de Enfermagem nos Portadores de Sahos (Charel de Matos Neves/RS), Terapeuta Ocupacional e sua Atuação Junto a Equipe de Cirurgia Bariátrica (Fábio Galvão/RN), Aspectos Relevantes na Consulta Fisioterapêutica do Paciente Bariátrico Diabético (Ivana Teles/BA), Incremento de Atividade Física no Pré-Cirúrgico e seus Benefícios para os Pacientes com Remissão de Diabetes (Marcos Oliveira/SP), Atuação Fonoaudiológica no Tratamento do Refluxo Gastroesofágico (Cynthia Godoy/RN), Preparação Física para a Cirurgia Bariátrica Reduz o Risco Cirúrgico? (Johanna Pino Zuniga/Chile), A Intervenção Fonoaudiológica nas Estruturas e Funções do Sistema Estomatognático (Maria Martins/PE) e Consulta de Enfermagem Pré-Operatória (Anna Christina Charbel Costa/MS).
Uma das comorbidades é a Apneia do Sono. Sobre isso, a fisioterapeuta Juliana Chiancone Franzotti apresentou dados para a adoção do treinamento da musculatura inspiratória: “O principal objetivo do treinamento não é curar a apneia e sim melhorar a qualidade do sono e aumentar a força dos músculos inspiratórios”, argumenta.
Ainda dentro das comorbidades, outro ponto que exige muita atenção é a questão do Diabetes. Sobre isso, a fisioterapeuta Ivana Teles (BA) ressaltou que, em 2017, existiam 13 milhões de diabéticos no Brasil, representando cerca de 6,9% da população. Já no mundo, são 425 milhões de diabéticos, sendo 90% dos casos Diabetes tipo 2, com incidência maior em pacientes acima de 40 anos: “O acompanhamento fisioterapêutico para esses pacientes se dá como forma de minimizar os danos que a doença pode causar e prepará-los para o evento cirúrgico”, destacou.
Já o professor Marcos Oliveira (SP), apontou para a importância do incremento da atividade física para esses pacientes: “Nós conseguimos avaliar o comportamento glicêmico de várias formas e montar um planejamento mais assertivo para que pacientes diabéticos não apresentem episódios de hiper e/ou hipoglicemia durante os treinamentos físicos. Levamos em consideração muitas variáveis para o incremento da atividade física nesses pacientes, além de trabalharmos com estratégias para a prevenção de comorbidades. Temos protocolos para antes, durante e pós-treinos, garantindo a segurança dos exercícios”, concluiu.
O dia de discussões foi finalizado com uma mesa multidisciplinar para estudos de casos.