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A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) promoveu nesta quarta-feira (22), em São Paulo, o I Fórum de Discussões sobre o Impacto Econômico das Doenças Metabólicas no Brasil.

Participaram do encontro cerca de 50 convidados, entre representantes de saúde e de operadores de planos de saúde, para debater temas como cenário da obesidade no Brasil, novas tecnologias no tratamento das doenças metabólicas, bem como a importância do tratamento precoce para reduzir custos dos pacientes e das operadoras.

De acordo com o presidente da SBCBM, Fábio Viegas, o objetivo do Fórum teve como objetivo discutir os avanços no tratamento da síndrome metabólica no Brasil. 

“Este foi um importante passo no que se refere as discussões da sustentabilidade do sistema de saúde privado e atendimento ao paciente que precisa do tratamento da obesidade no país”, declarou Fábio Viegas.

Durante o Fórum foi apresentado um novo projeto da SBCBM, que tem como objetivo calcular o custo efetividade da cirurgia bariátrica e metabólica com o passar dos anos. “Estamos trabalhando em um sistema que poderá prever, por exemplo, quanto foi economizado com o ganho de qualidade de vida”, destacou Viegas.

Para o diretor médico de gestão em saúde e diagnósticos clínicos da Amil, Francis Albert Fujii, o Fórum foi fundamental para uma integração entre entidades que têm como mesmo propósito garantir o tratamento de saúde do paciente com o melhor desfecho possível.

“Este tipo de evento é muito positivo, tendo em vista que o setor de saúde é fragmentado entre médicos, hospitais, indústria farmacêutica e outros. Integrar todos estes envolvidos possibilita a reflexão positiva sobre o tema”, avaliou Francis. 

Dados – Palestrantes – incluindo médicos e cirurgiões – apresentaram dados atuais sobre o aumento da obesidade e das doenças associadas, bem como o melhor custo-efetividade em tratar o paciente o quanto antes.

Recentemente, a Federação Internacional de Diabetes (IFD, na sigla em inglês) publicou a 10ª edição do Atlas do Diabetes. Os dados mostram o crescimento da doença e colocam o Brasil no ranking entre os países em que há maior prevalência e despesas com tratamento. Neste ano, o custo estimado do diabetes no Brasil é de 42,9 bilhões de dólares, ficando atrás apenas da China e Estados Unidos, com US$ 165,3 bi e US$ 379,5 bi, respectivamente. Segundo o relatório, o Brasil é o sexto país do mundo com o maior número de pacientes com diabetes. São cerca de 15,7 milhões de pessoas convivendo com a doença. “Até 2045, a estimativa é que tenhamos no país cerca de 23,2 milhões de pacientes. Por ser uma doença que não apresenta sintomas em sua fase inicial, o diabetes é difícil de ser diagnosticado. A nova edição do Atlas estima que só no Brasil cerca de 5 milhões de pessoas não saibam que estão com diabetes”, afirmou o cirurgião e ex-presidente da SBCBM, Ricardo Cohen.

Sobrepeso e obesidade são fatores de risco

Estima-se que 90% dos casos de diabetes no mundo sejam do Tipo 2. Apesar da genética ter uma forte influência no desenvolvimento da doença, o sobrepeso e a obesidade são os principais motivos do crescimento deste tipo de diabetes no mundo. “Ao se tornar descompensado, a doença apresenta sérios riscos para a saúde, podendo afetar órgãos como olhos, rins, fígado, coração e sistema vascular”, reforçou Luiz Vicente Berti que também presidiu a SBCBM. 

O tratamento para o Diabetes tipo 2 inclui mudanças no estilo de vida, prática de exercícios físicos e a introdução de uma dieta adequada. Pacientes com IMC acima de 30 que não estão obtendo resultados com mudanças no estilo de vida e medicamentos podem optar pela cirurgia metabólica.

Cirurgia para o diabetes

Durante o Fórum, o cirurgião Marcos Leão Vilas Bôas, falou sobre a cirurgia metabólica, reconhecida como tratamento cirúrgico do Diabetes Tipo 2 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2017. 

O procedimento é realizado por videolaparoscopia, através de pequenos furos na parede abdominal. Essa alteração promove a passagem mais rápida do alimento do estômago para o intestino e traz mudanças metabólicas como a aceleração da produção de hormônios, que atuam no pâncreas melhorando a produção de insulina, o que normaliza os níveis de glicose no sangue.

Os estudos têm demonstrado benefícios a médio e longo prazo para a qualidade de vida destes pacientes como, por exemplo, que 45% dos pacientes entram em 

remissão do diabetes (deixam de tomar medicamentos e insulina) já no primeiro ano de cirurgia. Além de controlar a glicemia e o peso, evidências mostram outros benefícios diretos que são extremamente importantes na pessoa com diabetes, como a queda na pressão arterial e nos níveis de colesterol ruim (LDL) e triglicerídeos, e aumento do colesterol bom (HDL).

“A Sociedade mostrou que é possível oferecer uma medicina voltada ao paciente com obesidade e diabetes e que, ao mesmo tempo, não encarecem o sistema de saúde e evitam complicações. Ao contrário, demonstramos o custo financeiro e de redução de vidas que esta epidemia de obesidade e do diabetes representam para sociedade”, afirmou Marcos Leão Vilas Bôas. 

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