Cirurgia Bariátrica e a atuação do Psiquiatra
A cirurgia bariátrica é um procedimento médico com repercussões sobre todo o organismo, inclusive a mente. Emagrecer é bom e é desejável mas é importante saber emagrecer com segurança.
O psiquiatra da equipe de cirurgia bariátrica tem como papel cuidar da segurança psicológica dos pacientes, tanto no pré quanto no pós-operatório, ajudando a evitar complicações emocionais e comportamentais que possam comprometer o resultado da cirurgia.
Estas complicações incluem desde quadros ansiosos ou depressivo leves, até situações mais complexas como o desenvolvimento de dependência química, desenvolvimento de transtornos compulsivos alimentares ou não, incluídos ai a anorexia, bulimia, entre outras.
A cirurgia bariátrica, devemos enfatizar, não é causa de transtorno psiquiátrico, mas pacientes com potencial de desenvolver doença psiquiátrica podem deflagrar suas patologias de base no transcurso do tratamento cirúrgico.
Tudo isso sem falar da potencial frustração que pode haver nos casos em que houve insucesso ou recidiva da obesidade. Não podemos deixar de ressaltar as mais diversas reações psicológicas ao emagrecimento, que via de regra, costumam ser positivas e saudáveis, mas que podem assumir a forma de sofrimento psíquico.
Como exemplo, alguns pacientes supervalorizam o emagrecimento e ao emagrecerem se frustram ao perceberem que muitos de seus problemas não tinham nenhuma relação com o sobrepeso e que eles continuam ali, apesar dos muitos quilos a menos. Em outros casos, os pacientes podem ficar excessivamente eufóricos e “deslumbrados” com o emagrecimento, a ponto de cometer alguns exageros em sua vida pessoal.
Uma boa investigação dos traços de personalidade e do repertório psicológico associado à capacidade de introspecção, de controlar impulsos e de conhecer a si mesmos pode ajudar a evitar problemas como estes no pós-operatório.
Em alguns pacientes é necessária uma breve psicoterapia de “preparo” para o emagrecimento. Problemas de ordem fisiológica podem surgir porque a obesidade influencia justamente em regiões relacionadas à regulação das emoções, do comportamento e da capacidade de sentir prazer e controlar impulsos. Felizmente, na maioria dos casos, emagrecer melhoram estas variáveis, mas alguns pacientes podem padecer de alterações de humor, ou ate, se propensas geneticamente, desenvolver abuso de álcool ou de outras substâncias no pós-operatório.
O psiquiatra é o melhor profissional para identificar perfis de risco para todas estas condições e também para ajudar caso ocorra o insucesso. Ele também é responsável por avaliar e orientar aqueles pacientes que já se tratam de transtornos psiquiátricos e ao serem avaliados para a cirurgia, servindo como interconsultor, entre o cirurgião e o psiquiatra responsável por estes casos, orientando-os e discutindo as melhores opções terapêuticas para aqueles pacientes, além do melhor momento da intervenção.