O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), dr Juliano Canavarros, participou nesta quinta-feira (12), em Brasília, de reunião da Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados.
O objetivo foi debater os desafios relacionados ao diagnóstico e ao tratamento da obesidade no Brasil.
Estiveram presentes, a convite dos deputados Fernanda Pessoa (Uniao – CE) e Dr. Frederico (PRD – MG), o presidente do Conselho Consultivo e Fiscal, Dr Fábio Viegas e o diretor de Cursos, Congressos e Certificação, Luiz Vicente Berti.
Durante a sessão, Canavarros discorreu sobre o acesso desigual e insuficiente aos recursos diagnósticos e terapêuticos para tratamento da obrsidade, especialmente para as populações mais vulneráveis, apontando caminhos e soluções sobre o tema.
Atualmente, 34,66% da população apresenta algum grau de obesidade de acordo com o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). Mesmo com mais de 1 milhão de brasileiros com obesidade grau III, apenas 291 mil cirurgias bariátricas foram realizadas entre 2020 e 2024.
Canavarros enfatizou que existe um abismo entre a necessidade da população e a oferta real de tratamento, tanto no SUS quanto na saúde suplementar. “Atualmente, apenas 98 hospitais no país estão habilitados pelo SUS para realizar a cirurgia bariátrica. Quatro estados brasileiros não oferecem o procedimento no sistema público e, além disso, houve redução de 18% nas cirurgias entre 2023 e 2024, mesmo com o aumento do número de pessoas com obesidade severa. Isso mostra que a capacidade instalada está aquém da necessidade”, detalhou. A explicação teve um paralelo importante relacionado ao câncer de mama, no qual o presidente da SBCBM exemplificou que os números seriam equivalentes a operar apenas 1% dos casos existentes no Brasil.
Canavarros enfatizou para os deputados que a cirurgia bariátrica é o tratamento com o melhor custo-efetivo, apresentando dados sobre redução de peso corporal, remissão da diabetes, melhora da hipertensão arterial e redução em até 70% dos custos médicos a longo prazo.
“A cirurgia bariátrica é terapêutica, salva vidas, reduz desigualdades e economiza recursos. Mas ela ainda não chega a quem mais precisa. É fundamental que o acesso seja ampliado com infraestrutura e financiamento adequados; haja integração com políticas de atenção primária, prevenção e farmacoterapia; que as decisões em saúde pública sejam guiadas por evidências, e não por estigmas; e que as parcerias público privadas sejam estimuladas. O Brasil precisa de uma política nacional de enfrentamento à obesidade que seja efetiva, intersetorial e descentralizada”, destacou.