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A possibilidade de ampliar o número de técnicas de cirurgia bariátrica realizadas no país foi discutida, pela primeira vez, com a participação de entidades médicas e cirurgiões, em São Paulo, no dia 09 de outubro.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica (SBCBM) promoveu o Fórum de Cirurgias Emergentes, evento que debateu três novas técnicas já regulamentadas em outros países, mas ainda não aprovadas no Brasil.

“A inclusão de novas técnicas vem ao encontro com o atual momento que estamos vivendo, tendo em vista que 52% dos brasileiros declararam ter engordado na pandemia e a obesidade e doenças associada a ela aumentaram. Aliado a isso, houve uma redução no número de cirurgias bariátricas em 2020, aumentando ainda mais o tempo de espera dos pacientes que buscam o SUS para o tratamento cirúrgico da obesidade”, afirma o presidente da SBCBM, Fábio Viegas.

Participaram do Fórum – realizado em edição presencial e virtual – mais de 350 cirurgiões de todo o Brasil e de países como Portugal, Itália e Espanha, além de representantes do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC), do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), da Sociedade Brasileira de Diabetes, ,Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)  e Conselho Federal de Medicina (CFM).

O objetivo é levar ao Conselho Federal de Medicina (CFM) a possibilidade de revisar e ampliar o escopo de cirurgias bariátricas que são autorizadas no Brasil.

 

Números – Para que se tenha ideia o número de cirurgias bariátricas realizadas pelo SUS caiu em 69,9% em um ano, saindo de 12.568 em 2019, para 3.772 em 2020. Em 2021, até o mês de julho, foram realizadas 990 cirurgias pelo Sistema Único de Saúde. A realização de cirurgias pelos planos de saúde também caiu 11,9%, saindo de 52.599 procedimentos realizado em 2019, para 46.419 cirurgias em 2020.

 

Em contrapartida, a recente pesquisa Diet & Health Under Covid-19, que entrevistou 22 mil pessoas de 30 países, identificou que foram os brasileiros os que mais ganharam peso durante a pandemia de COVID-19. Aqui, cerca de 52% dos entrevistados declararam ter engordado. A média global é de apenas 31%. Ainda segundo a pesquisa, os brasileiros ganharam, em média, cerca de 6,5 quilos neste período.

Novas técnicas – Os procedimentos, que possuem estudos e resultados sobre eficácia, e serão debatidos no Fórum de Cirurgias Emergentes são a cirurgia Duodenal Switch de Anastomose Única – também conhecida como SADS (sigla em inglês: Single- Anastomosis Duodenal Switch); a cirurgia OAGB  (sigla em inglês: One Anastomosis Gastric Bypass) e a Bipartição Trânsito Intestinal, também conhecida como Interposição Ileal. Os resultados obtidos com cirurgia metabólica – técnica exclusiva para o tratamento de Diabetes Tipo 2, mas que já possui aprovação do CFM desde 2017 – também serão apresentados no Fórum.

Entenda um pouco de cada uma das técnicas ainda não aprovadas:

OGBA ou mini-bypass gástrico – OAGB laparoscópico também conhecida como mini bypass gástrico é seguro e eficaz. Ele reduz a dificuldade, o tempo de operação e as complicações precoces e tardias do bypass gástrico em Y de Roux. A perda de peso em longo prazo, uma resolução das comorbidades e o grau de satisfação são semelhantes aos resultados obtidos com técnicas mais agressivas e complexas. Atualmente é uma alternativa robusta e poderosa em cirurgia bariátrica. A frequência com que este procedimento vem sendo realizado aumentou consideravelmente no mundo na última década, tendo em vista que diversos estudos demonstraram os benefícios proporcionados por este procedimento, incluindo perda de excesso de peso e resolução de comorbidades.

SADI – A anastomose única laparoscópica duodenal-ileal com manga (SADI-S) foi descrita pela primeira vez em 2007 com a intenção de simplificar uma técnica cirúrgica complexa, o desvio biliopancreático com interruptor duodenal. Ao longo dos anos, a maioria dos estudos demonstrou que SADI-S é um procedimento muito eficaz para perda de peso e resolução de comorbidades associadas à obesidade, como diabetes tipo 2, dislypidemia, apneia obstrutiva do sono e também tem mostrado bons resultados como procedimento primário e revisional.

Duodenal Switch de Anastomose Única – É uma mistura da Gastrectomia Vertical com o Bypass Gástrico, realiza-se a secção vertical do estômago, associado com um desvio intestinal mais acentuado do que o realizado no Bypass gástrico. Assim como nos outros procedimentos, ocorre redução da Grelina diminuindo o apetite, além de alterar de forma mais intensa  as Incretinas intestinais, causando mais saciedade e estímulos mais intenso no metabolismo do pâncreas.

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Interposição ileal – A interposição ileal consiste numa técnica cirúrgica onde a parte final do intestino delgado (íleo) é reposicionada entre o duodeno e o jejuno (início do intestino delgado). Associado a isso é realizada a gastrectomia vertical, procedimento em que parte do estômago é retirada. Isso altera o padrão de liberação de hormônios relacionados à saciedade e ao controle dos níveis glicêmicos, o que costuma levar à perda de peso e à melhora do controle do diabetes.

 

 

Técnicas em desuso – Hoje no Brasil são realizadas com autorização do Conselho Federal de Medicina 5 técnicas cirúrgicas para o tratamento da obesidade: o by-pass gástrico, a gastrectomia vertical, duodenal switch, banda gástrica e a cirurgia de scopinaro.

Destas, duas já estão em desuso – a banda gástrica e a scopinaro – devido a evolução das demais técnicas e dos desfechos constatados.

O presidente da SBCBM, Fábio Viegas, explica que o debate sobre a inclusão de novas técnicas cirúrgicas é fundamental para atender a individualidade de cada paciente. “As técnicas mais realizadas no momento são sleeve e by-pass e, ao mesmo tempo, temos pacientes com diferentes perfis, diferentes tipos de comorbidades, idade e perfil metabólico diferentes também. Estes motivos nos levam a crer que os cirurgiões precisam ter outras técnicas aprovadas para aplicá-las de acordo com a  individualidade de cada paciente”, completa o presidente da SBCBM.

 

 

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