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Crossfire realizado na Sala Maracanã. Foto | Daniel Herz

A robótica é uma plataforma de cirurgia minimamente invasiva que oferece maior precisão e segurança, principalmente em casos complexos. O Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, que acontece até a próxima sexta-feira (27), no Riocentro, Rio de Janeiro, debate a utilização do robô para o tratamento cirúrgico dos pacientes com obesidade.

Ana Karina Soares Alves, cirurgiã bariátrica de São Paulo, defendeu no debate Crossfire, na manhã desta quinta-feira (26), que a bariátrica robótica é a melhor opção para pacientes com Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 50Kg/m², considerados superobesos. “88% das cirurgias bariátricas do mundo são realizadas com videolaparoscopia e apenas 10% com a plataforma robótica. Sabemos que esses casos nos trazem uma série de desafios como a anestesia, dificuldades técnicas causadas pelo tamanho do fígado e acesso à área da cirurgia. O robô oferece uma movimentação mais ampla dos braços cirúrgicos, filtro de tremor e movimentos mais precisos, que aumentam a segurança e a assertividade dos procedimentos”.

Todas as técnicas de bariátrica e metabólica podem ser realizadas com o robô, conforme a indicação ideal para cada paciente. Os movimentos são todos comandados pelo cirurgião que fica posicionado em um console de controle e orienta os braços e pinças do equipamento, por meio de um joystick.

O robô também tem como vantagem reduzir o risco de complicações e a perda de sangue. “Precisamos pensar na curva de aprendizado do cirurgião que é mais rápida se comparada a videolaparoscopia, as cirurgias também são feitas com maior ergonomia e benefícios ao paciente”.

A recuperação das cirurgias feitas com o robô oferece ao paciente menor tempo de internação, redução da dor pós-operatória e menor risco de infecção na ferida, principalmente se comparada à técnica tradicional.

BARIÁTRICA NOS EXTREMOS DE IDADE

O ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Dr. Marcos Leão Vilas Boas, apresentou uma aula sobre a cirurgia bariátrica nos extremos de idade, que engloba os adolescentes e idosos.

“É importante ressaltarmos que o adolescente obeso também apresenta comorbidades físicas, em menor gravidade do que o adulto. Já o idoso tem muito mais alterações clínicas e cardiovasculares que nos preocupam no pré-operatório. Entre os mais jovens a questão psicossocial é ainda mais importante”.

Não existe uma técnica específica de bariátrica a ser indicada conforme a idade do paciente, outros fatores também devem ser levados em consideração. “No caso dos adolescentes, por exemplo, que têm uma longa expectativa de vida, uma cirurgia como o sleeve [gastrectomia vertical] que tem maior facilidade de ter a técnica alterada no futuro, pode ser uma boa indicação mas, as doenças associadas e demais fatores individuais devem ser levados em consideração para a escolha do procedimento”, ressalta Marcos Leão.

Para os jovens pode ser mais fácil mudar hábitos de vida e ter escolhas alimentares mais saudáveis, aliada à prática regular de atividades físicas, se comparado ao idoso que já tem as atividades cotidianas mais consolidadas.

A opinião de que a escolha da técnica deve ser feita de forma individualizada é reforçada pelo cirurgião Rui José Silva Ribeiro, de Portugal, que apresentou a aula “A escolha da técnica cirúrgica baseada em evidências científicas”.

“A melhor cirurgia é sempre aquela que é segura em nossas mãos e, para escolher essa técnica, é importante ter conhecimento da literatura aliado a experiência pessoal, ter conversa com colegas cirurgiões e fazer a avaliação personalizada do paciente”.

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