Tendo em vista a constante busca de informações e orientações sobre a conduta dos seus membros frente a atual situação de pandemia no Brasil, a SBCBM traz os seguintes posicionamentos:
Reafirmamos nosso compromisso de seguir rigorosamente todas as recomendações das autoridades sanitárias brasileiras, aconselhamos a todos que consultem o direcionamento fornecido pelas respectivas Secretarias de Saúde, Ministério da Saúde e os Conselhos Regionais de Medicina de cada estado da federação.
Entendemos que vivemos em um país com dimensões continentais, com peculiaridades socioculturais, econômicas e geográficas distintas, sendo que o cenário da epidemia pode diferir de lugar para lugar, assim como diferem as características institucionais e as premissas do poder público em cada local. A despeito da pandemia encontrar-se ativa no país, as estatísticas e o comportamento são diferentes de acordo com Estados e Municípios avaliados.
Entendemos ainda, que estamos diante de um cenário complexo e indefinido, com muitas incertezas no que tange ao tratamento, prognóstico e efeitos a longo prazo da COVID-19, que não permitem às Sociedades de especialidades e áreas de atuação apresentarem recomendações definitivas que fujam aos seus propósitos ou que invadam as prerrogativas dos órgãos oficiais.
Reafirmamos que o momento ainda é de reforçar as medidas de distanciamento social, atenção redobrada aos cuidados com a higiene e com o uso de barreiras mecânicas e químicas (máscaras, óculos de proteção, álcool em gel) contra o vírus, especialmente no que se refere à interação entre pacientes e profissionais da área de saúde.
Recomendamos atenção como o uso rigoroso dos Equipamentos de Proteção Individual EPI para todos os envolvidos nos cuidados com o paciente.
Entendemos ser fundamental a adoção de estratégias que permitam o acompanhamento continuado dos pacientes operados, seja de forma presencial utilizando as recomendações a seguir, seja através de ferramentas de Telemedicina.
Dos atendimentos
A SBCBM reconhece que atendimentos presenciais, quando realizados no período de vigência do alerta de epidemia no país, devem ser acompanhados de rigorosos cuidados e atenção com medidas protetivas de segurança, tanto para os pacientes, quanto para os profissionais envolvidos. Como sugestão de conduta, elencamos as seguintes estratégias:
- Evitar o agendamento presencial de pacientes idosos maiores de 60 anos.
- Programar o agendamento entre as consultas com espaçamento adequado para evitar aglomerações nas salas de espera.
- Evitar a presença de acompanhantes durantes as consultas e nas salas de espera.
- Uso de EPIs para todos os envolvidos no atendimento, inclusive o pessoal administrativo, bem como observar maior cuidado com a higienização e desinfecção dos consultórios, salas de espera, mobiliário, balcões, e áreas afins.
- Promover triagem antes das consultas presenciais questionando a existência de sintomas respiratórios, febre ou contato direto com pessoas com diagnóstico de COVID-19 nos últimos 14 dias.
- Exigir o uso de máscaras faciais individuais pelos pacientes desde o ingresso na clínica/consultório, até a sua saída.
- Disponibilizar álcool gel nos ambientes de trânsito do paciente.
- Evitar atrasos ou adiantamentos nos atendimentos por parte dos pacientes
Dos Procedimentos cirúrgicos
Face a incerteza na duração do ciclo epidêmico, entendemos que a decisão do momento da cirurgia é uma escolha entre médico e paciente, legalmente regida pelos Conselhos de Medicina, e que existem situações nas quais a relação risco-beneficio podem levar à sua realização de forma imediata.
Diante de situações nos quais se julgue pertinente realizar um procedimento bariátrico eletivo recomendamos que sejam observadas as seguintes regras de segurança:
- Consideramos contraindicada a realização de qualquer procedimento cirúrgico eletivo em pacientes com COVID-19.
- Utilizar preferencialmente hospitais com dependências e fluxo independentes onde não haja pacientes com diagnóstico de COVID-19.
- Utilizar protocolos específicos de cirurgia segura para COVID-19, inclusive com uso de salas cirúrgicas exclusivas “COVID-19 free”.
- Evitar procedimentos cirúrgicos em pacientes maiores de 60 anos e ou pacientes com doença auto imune.
- Aconselhamos evitar cirurgias em pacientes com recomendação pré-operatória de utilização de Unidade de Terapia Intensiva ou com forte probabilidade de uso desses leitos.
- Evitar neste momento as cirurgias REVISIONAIS, especificamente as indicadas para tratar a obesidade recidivada.
- Reiterar o dever de informar ao paciente e o Responsável legal de todos os riscos específicos através do Termo de Consentimento Informado.
- Informar o dever de respeitar uma quarentena domiciliar de 14 dias após a alta hospitalar da cirurgia.
- Incluímos em anexo sugestão do aditivo ao Termo de Consentimento Informado.
Reiteramos que os membros da SBCBM não enxerguem neste documento um dever de fazer, ao contrário, o exercício pleno da medicina é de responsabilidade do profissional médico, único competente para julgar o melhor momento de tratar seu paciente.
Estas são orientações e recomendações que não constituem um mandato ou chancela institucional, cujo único órgão competente para isso é o Conselho Federal de Medicina e ou o Conselho Regional de Medicina.
A intenção da SBCBM tem por objetivo maior seguir de guia das melhores práticas, cujos únicos e maiores beneficiários serão nossos pacientes.
22 de Abril de 2020
Diretoria da SBCBM