A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) reuniu na noite da última quinta-feira (5) as nutricionistas Renata Valentini e Fernanda Mattos, junto do cirurgião bariátrico Felipe Rossi, para debater os alimentos prioritários no pós-operatório e dietas da moda.
Entre os alimentos primordiais para a saúde do paciente estão os ricos em proteínas e minerais. Segundo as nutricionistas, a pirâmide alimentar do paciente bariátrico preconiza em sua base a hidratação, atividade física, suplementos alimentares e proteínas, só então vegetais e carboidratos.
PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO
Logo após a cirurgia, o paciente terá que passar por fases de alimentação líquida, pastosa e sólida. Neste período, segundo os especialistas, é fundamental que o paciente siga as orientações da equipe e foque, principalmente, na mastigação para que se torne um hábito.
“No primeiro momento, o paciente vai ficar se alimentando de 30 em 30 minutos com cerca de 50 ml. Não é uma dieta para alimentar! É uma dieta para verificar se está tudo bem com a cirurgia e hidratação. Na pastosa, ele já vai ter uma consistência maior e já deve começar a mastigar e então para a fase branda e depois a normal. Mastigar é algo que a gente não pensa e precisa ser treinado para se tornar um hábito”, explica a nutricionista Fernanda Mattos.
INTOLERÂNCIAS ALIMENTARES
Na opinião de Renata Valentini, alguns pacientes operados tendem a se tornar sensíveis à proteína do leite após a cirurgia bariátrica e metabólica. “O leite e seus derivados podem causar desconforto, gases, distensão abdominal e até diarreia em alguns pacientes”, diz.
A nutricionista também explicou sobre a dificuldade do consumo de carnes vermelhas, mas não como uma intolerância alimentar e sim por um padrão mastigatório incorreto ou ingestão de porções grandes demais para o novo estômago.
“Depois da cirurgia tem todo um processo… dieta líquida, pastosa, branda e sólida. É como um renascimento. Porém, se o paciente perceber muitos sintomas gastrointestinais, dor de cabeça e irritabilidade, existem testes de intolerância alimentar para descobrir algum fator alergênico ou outro fator a ser descoberto e isso deve ser compartilhado com a equipe multidisciplinar”, afirma Renata.
DIETAS DA MODA
Para as nutricionistas, as dietas podem ser aplicadas em pacientes após o período de dois anos da cirurgia, com o peso já estabilizado, desde que com a supervisão de um profissional qualificado.
Jejum intermitente – “O paciente precisa perceber se não entra em um quadro de dores de cabeça, fadiga, dificuldade de concentração, hipoglicemia, enjoos e náuseas, se quando pode comer não entra em episódios de compulsão alimentar. Ele também precisa suplementar vitaminas e verificar se os resultados dos exames estão bons”, comenta Renata.
Dieta cetogênica e paleo – “A dieta é baseada em gorduras e diferente da dieta de proteína. Quando você restringe o carboidrato, você acaba restringindo a glicose e o nosso cérebro começa a queimar gordura para poder aumentar esse produto no cérebro e ter o funcionamento do corpo. O problema é que esse funcionamento não ocorre plenamente e começa a sentir dores de cabeça, fica com mal hálito e essa dieta baseada em gorduras não é agradável para a flora intestinal”, explica Fernanda.
BONS HÁBITOS
Para não pensar em dietas restritivas e continuar com o processo de perda de peso e construção de massa muscular de forma saudável, as nutricionistas reforçam a importância do acompanhamento com a equipe multidisciplinar e o início de bons hábitos como planejamento alimentar semanal; abastecer a casa com alimentos saudáveis como frutas, verduras e legumes; e organização.
REFRIGERANTES, CERVEJAS E VINHO
Uma das questões enviadas pelos internautas foi o momento adequado para ser retomado o consumo de bebidas como refrigerantes, cervejas e vinho. Segundo os especialistas, o comportamento deve ser evitado no pós-operatório por diversos motivos.
- Bebidas industrializadas trazem risco à saúde
- Refrigerantes e bebidas alcoólicas têm alto índice calórico
- As calorias ingeridas são vazias, ou seja, não trazem nenhum benefício nutricional ao paciente
- A alteração física proporcionada pela cirurgia bariátrica e metabólica, independentemente da técnica empregada, altera o sistema gastrointestinal o que acelera a absorção do álcool e pode deixar pacientes mais sensíveis aos efeitos deste tipo de bebida.
- O álcool ataca a flora intestinal e pode afetar a capacidade de absorção de nutrientes do intestino
“Nós não temos uma regra, o que eu converso com meus pacientes é que se começar a exagerar nisso [nas bebidas]. O primeiro ano precisamos tomar muito cuidado, o paciente que retoma maus hábitos durante esse período pode continuar perdendo peso, mas o resultado não será positivo”, explica o cirurgião Felipe Rossi.
“Se você já ficou sem refrigerantes tanto tempo por quê voltar a tomar com frequência? Não compre para ter em casa e não faça disso um hábito. Caminhos iguais te levarão aos mesmos lugares mais cedo ou mais tarde”, diz Renata.
“O álcool é um sabotador de dieta. Eu sempre falo isso para meus pacientes. Essas calorias não estão fornecendo nada e nosso corpo é inteligente e guarda essas calorias. Existe a lua de mel da cirurgia bariátrica, mas depois o corpo começa a se adaptar a cirurgia bariátrica e afeta a perda de peso”, diz Fernanda.
BARILIVE
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