Uma das sessões que abriram o XXIV Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica tratou de destacar a importância de garantir uma jornada segura para os pacientes desde o pré-operatório.
Entre as palestras foram debatidas a adoção de protocolos padronizados de atendimento, a importância da equipe em centros de alto volume, a perda de peso no pré-operatório, a profilaxia do tromboembolismo venoso e também o uso de outras estratégias como o balão intragástrico e novos fármacos.
José Afonso Sallet apresentou o Protocolo ERAS, um conjunto de procedimentos que envolve uma cirurgia, a preparação prévia, o ato cirúrgico até a recuperação e alta hospitalar. Os procedimentos priorizam a diminuição considerável do tempo em que o paciente permanece em ambiente hospitalar, minimizando riscos e custos desnecessários.
“Trabalhamos com o Protocolo ERAS há 11 anos. Uma vez que consiga aderir ao protocolo o benefício aos pacientes são tão grandes, a evidência é tão clara, prepara o paciente, apresenta segurança, que não é possível retroceder”, destaca o cirurgião.
Em um grupo de alto volume de cirurgias, Eduardo Pachu palestrou sobre como manter a segurança e qualidade de todo o pré e pós-operatório. Ele destacou a importância de seguir protocolos padronizados e destacou a avaliação psicológica, ajuste terapêutico, preparo físico e acompanhamento com profissionais experientes.
“É importante que os mais jovens busquem centros de referência, que seja multidisciplinar, que siga protocolos padronizados, e que a equipe seja dimensionada adequadamente ao volume de pacientes e cirurgias realizadas”, diz Pachu.
A perda de peso antes da cirurgia é conhecida dos cirurgiões bariátricos e José Alfredo Sadowski apresentou uma revisão da literatura com pesquisas e dados que comprovam as vantagens de adotar a prática para uma cirurgia mais segura e um pós-operatório mais saudável.
“A perda de peso pré operatório aumenta as chances de maior peso após a cirurgia e aumenta também a taxa de sucesso da cirurgia. Alguns aspectos cirúrgicos apontam que a perda de peso também reduz o tamanho do fígado entre 5% a 20% em 2 a 4 semanas”, explica o cirurgião.
Contudo, Sadowski destaca que não há um consenso sobre a obrigatoriedade da perda de peso antes da cirurgia, uma vez que essa medida é discriminatória. “A condição não deve ser obrigatória ou evitar a realização da cirurgia uma vez que irá promover a melhora de comorbidades e evitar a progressão da doença”, afirma.
Sobre a profilaxia do tromboembolismo venoso, Glauco Alvarez apresentou as melhores práticas e medicamentos utilizados para evitar a complicação. Na orientação final, o cirurgião destacou a importância de levar a informação aos cirurgiões vasculares que podem não estar atualizados com os últimos guidelines.
Ainda sobre o pré-operatório, Manoel Galvão Neto apresentou estudos sobre a perda de peso com uso dos novos balões intragástricos e também a comparação com uso de novos medicamentos.
“A terapia de combinação, com uso de balão e medicamentos, apresenta bons resultados conforme estudos já publicados. A queda do IMC foi maior no grupo que usou o análogo de GLP1”, destacou o especialista.
XXIV Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica
O tema central do Congresso deste ano é “Cirurgia Bariátrica: Segurança e Eficiência”, que reflete a preocupação constante da SBCBM em garantir o melhor cuidado no preparo ao paciente cirúrgico, maior padronização e segurança nos procedimentos e, sobretudo, aprimorar os resultados para aqueles que buscam soluções para a obesidade e condições metabólicas associadas. Entre os dias 23 a 25 de outubro, o Congresso promove mais de 200 aulas e cursos com 347 palestrantes e debatedores convidados.