O cirurgião Philip Schauer, dos Estados Unidos, se diz otimista com o futuro do tratamento e controle do Diabetes Tipo 2. Para ele, a fusão entre o tratamento cirúrgico e os novos medicamentos trará benefícios no bom controle do açúcar no sangue, pressão arterial, lipídios e peso corporal. Porém, ele reforça que é preciso melhorar e democratizar o acesso ao procedimento e às novas drogas.
“Os novos medicamentos são caros, a cirurgia a curto prazo também é cara, mas com a cirurgia ela dura muitas vezes a vida toda, então ao longo da vida do paciente a cirurgia é na verdade barata. Portanto, precisamos considerar o custo a longo prazo dessas terapias, pois a longo prazo elas geralmente são muito mais baratas”, explica.
Schauer também reforça que, no longo prazo, o paciente também terá o benefício de evitar complicações e custos com tratamentos de comorbidades cardiovasculares e renais.
“É muito mais barato ter um bom controle da diabetes do que um controle ruim, porque um controle ruim significa tratamentos muito caros para complicações como ataque cardíaco, derrame, diálise, retinopatia. Portanto, se olharmos para o longo prazo, estaremos melhor servindo nossos pacientes e também provavelmente gastando menos dinheiro”, finaliza o pesquisador.
Benefícios da cirurgia metabólica
O impacto da cirurgia metabólica para o controle e remissão do Diabetes Tipo 2 e das consequências da doença foram tema de discussão entre endocrinologistas e cirurgiões na manhã desta quinta-feira (26) no 23º Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, no Rio de Janeiro. Entre as novidades, os especialistas trouxeram dados sobre a cirurgia aliada aos novos medicamentos, a avaliação dos pacientes, melhora da função renal e cardiovascular após o procedimento e abordagem nutricional.
Entre os destaques do debate, Carlos Schiavon apresentou novos estudos que apontam os benefícios da cirurgia metabólica no controle da hipertensão e o seguimento da sua principal pesquisa – o estudo Gateway – em que acompanha pacientes submetidos à cirurgia e compara com um grupo em tratamento clínico.
“No Gateway, no grupo cirúrgico, 35% dos pacientes apresentaram remissão da hipertensão arterial. Enquanto isso, no grupo clínico, apenas 2% atingiram este controle. No entanto, esse único paciente, na verdade, fez a cirurgia durante o acompanhamento do estudo. Os resultados de cinco anos de acompanhamento em breve deverão ser publicados”, explica o pesquisador.
A equipe multidisciplinar também foi abordada durante o debate, a nutricionista Tarcila Ferraz de Campos apresentou casos reais de pacientes com diabetes, o acompanhamento, controle e abordagem nutricional.
“Só o fato de monitorarem a glicose foi capaz de abaixar a hemoglobina glicada. As tendências das curvas de glicose nos trazem informações sobre como atender este paciente. Com essas informações, nós podemos nos guiar para planejar a dieta, calcular a quantidade de carboidratos para a dose de insulina e perceber se a atividade física está influenciando no impacto glicêmico”, explica a especialista. “Todas as recomendações estão disponíveis no Guia Brasileiro de Nutrição na Cirurgia Bariátrica e Metabólica”, reforça a Tarcila.