Elaborado por 13 psicólogas da COESAS da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, documento tem o objetivo de promover melhorias nos serviços prestados pelos profissionais de psicologia, tanto no pré quanto no pós-operatório, além de fomentar pesquisas na área
Num cenário crescente da obesidade e cirurgias bariátricas, 13 psicólogas da COESAS – Comissão das Especialidades Associadas, da SBCBM, acabam de elaborar um protocolo clínico em psicologia, para orientar os profissionais desta área que atuam no segmento de cirurgia bariátrica. Entre as recomendações destaque para o número mínimo de três consultas com o psicólogo no pré-operatório; inscrição de pelo menos dois anos no Conselho Regional de Psicologia e título de especialista em Psicologia Clínica e/ou Psicologia Hospitalar e embasamento técnico-científico consistente e atualizado em Psicologia, obesidade, transtornos alimentares e Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
O protocolo foi estruturado em três fases: pré-operatória, transoperatória e internação e pós-operatória e follow-up. Em cada etapa as profissionais detectaram os principais objetivos a serem alcançados para que o paciente tenha total adesão ao tratamento e as metodologias e intervenções que devem ser aplicadas da maneira que tanto o paciente quanto os familiares respondam positivamente a cada fase, contribuindo com o êxito da cirurgia.
“O crescimento do número de cirurgias bariátricas no Brasil foi um grande incentivo para elaborarmos esse documento, que é uma sistematização da assistência psicológica aos pacientes bariátricos. Nosso objetivo é promover uma significativa melhora dos serviços prestados pelos profissionais de psicologia, tanto no pré quanto no pós-operatório, além de fomentar pesquisas e treinamentos na área”, explica a psicóloga Andrea Levy, vice-presidente de COESAS e uma das idealizadoras do protocolo.
O material para elaboração do protocolo foi compilado entremarço de 2013 e novembro de 2014, a partir dos relatos das experiências clínicas com pacientes bariátricos das psicólogas participantes, além de referências bibliográficas. O resultado final foi apresentado e aprovado durante o III Fórum de Psicologia Bariátrica de COESAS, ocorrido paralelamente ao XVI Congresso da SBCBM, no Rio de Janeiro em novembro passado. (quadro abaixo).
“É importante destacar que o protocolo representa o primeiro consenso brasileiro sobre o tema, mas não pretende esgotar o assunto uma vez que o mesmo, em todas as suas etapas, será constituído em objeto de estudo para que possa ser ampliado e adaptado aos serviços”, ressalta Andrea Levy.
Estrutura do Protocolo
Psicólogas, membros de COESAS, que participaram da elaboração do Protocolo
Aída R. Marcondes Franques (SP), Ana Maria P. Gatto (ES), Andrea Levy Sprengel (SP), Debora Gitman Gleiser (RS), Eliane Gomes Ximenes (PE), Helena Müller (RJ), Isabel C. Malischesqui Paegle (SP), Marcela Abreu-Rodrigues (DF), Maria Elizabeth Gatto (SP), Marisa Stroppa Zancaner (SP), Michele Pereira Martins (DF), Simone Dallegrave Machesini (PR) e Soraya Aparecida de Oliveira (GO).
Cirurgia Bariátrica no Brasil
A SBCBM segue as diretrizes que foram estabelecidas em reunião conjunta com Ministério da Saúde e Conselho Federal de Medicina, que gerou a Resolução CFM n° 1766, de 13 de maio de 2005, atualizada posteriormente para resolução CFM n° 1942, de 12 de fevereiro de 2010. Nela estão definidas as indicações para a cirurgia bariátrica, como deve ser montada a equipe multidisciplinar que fará o acompanhamento de cada paciente, os tipos de cirurgias autorizadas no Brasil, além de outras diretrizes legais.
De acordo com as orientações da resolução a cirurgia é liberada apenas para pacientes com IMC igual ou maior que 40 e pode ser realizada em casos de IMC entre 35 e 40, desde que o paciente tenha comorbidades como, por exemplo, o diabetes. O IMC é calculado a partir da divisão do peso pela altura ao quadrado.
A cirurgia bariátrica vem crescendo expressivamente no Brasil, que é o segundo país com mais cirurgias realizadas. Em 2014 foram realizados cerca de 88 mil procedimentos. Do número total de cirurgias feitas no Brasil estima-se que 10% são feitas pelo SUS.