Uma das doenças associadas à obesidade, o distúrbio do sono conhecido como apneia é caracterizado por pausas respiratórias com duração mínima de 10 segundos. Essa interrupção está relacionada diretamente com alterações cardíacas e pulmonares. A apneia é uma doença crônica, progressiva e incapacitante. Os principais sintomas são o ronco, a fadiga diurna e a diminuição da capacidade concentração que podem trazer prejuízos no aspecto social e afetar negativamente a vida do paciente.
Para discutir o tema, o Barilive desta semana convidou a cardiologista Adriana Bertolami, médica da Seção de Dislipidemias e do Laboratório do Sono do Instituto Pazzanese de Cardiologia e o otorrinolaringologista José Eduardo Marcondes, formado na Escola Paulista de Medicina com especialização em Administração Hospitalar e Gestão de Serviços de Saúde na Fundação Getúlio Vargas, com moderação do cirurgião bariátrico Tiago Szego.
De acordo com Marcondes, a obesidade causa alterações no corpo do paciente que alimentam a apneia e geram um ciclo vicioso entre o ganho de peso e noites com baixa qualidade de sono.
“A gordura acumula na garganta e no pescoço, o que diminui o tubo e passagem do ar; a gordura abdominal aumenta a pressão sobre a barriga e diminui o espaço do pulmão respirar; e quem tem apneia diminui o metabolismo de gordura o que gera um ciclo vicioso”, explica o otorrinolaringologista.
Dados
A apneia do sono é constatada em 70% dos obesos. Em obesos mórbidos, a prevalência pode chegar a 80%. A doença pode ocorrer em qualquer idade, mas está presente principalmente em homens obesos com idade de 40 e 60 anos. Os homens sofrem mais com a apneia do sono devido a diferenças anatômicas, perfil hormonal e distribuição da gordura pelo corpo, ficando acumulada em maior quantidade na região abdominal, pescoço e tronco.
Diagnóstico
O diagnóstico da apneia do sono envolve um exame conhecido como polissonografia. O exame acontece no laboratório do sono e avalia parâmetros como atividade cerebral; movimento de olhos, pernas, abdome, tórax; roncos; pressão; fluxo de ar no nariz e até bruxismo (desordem funcional que se caracteriza pelo ranger ou apertar dos dentes durante o sono).
Riscos cardiovasculares
Segundo a cardiologista, a apneia está relacionada com outros fatores de risco cardiovasculares, como índices de colesterol elevados, diabetes e obesidade. A apneia, inclusive, pode estar relacionada com casos de morte súbita noturna.
“Coração fraco, várias arritmias e principalmente arritmia na parte de baixo do coração, conhecida como ventriculares, têm relação com morte súbita de noite”, explica a cardiologista Adriana Bertolami.
“Percebo que a apneia do sono é uma doença que é subdiagnosticada. É algo que precisa de mais atenção e que precisa ser avaliada no dia a dia”, comenta Szego.
“Isso é um conceito que está começando a mudar. Agora isso está ficando mais amplo. Logo vai sair a primeira orientação aos cardiologistas sobre o tratamento da apneia como fator de risco ao coração”, afirma Adriane.
Atuação do otorrinolaringologista para cirurgia bariátrica
A atuação do profissional da otorrinolaringologista na cirurgia bariátrica ocorre quando há necessidade do diagnóstico e tratamento da apneia do sono e problemas relacionados.
“O encaminhamento costuma ser para avaliação da apneia. Com o controle da apneia, você tem um risco cirúrgico menor, como em qualquer outra cirurgia”, explica Marcondes.
Durante a transmissão, o cirurgião bariátrico Tiago Szego lembrou de um paciente que deixou de roncar após 10 dias da cirurgia bariátrica.
“A cirurgia bariátrica não é apenas perder peso. Melhora a apneia, pressão alta e outros fatores. A gente precisa melhorar a saúde do paciente”, frisa Szego.
Próxima semana
Na próxima terça-feira (31), a partir das 20 horas, na página oficial da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) no Facebook, o Barilive terá como tema “Os tipos de cirurgia bariátrica” e vai reunir os cirurgiões Luiz Vicente Berti, Thomas Szego e Alexander Morrell.
Ceres Battistelli – Assessoria de Comunicação SBCBM