A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) promoveu, na noite desta quinta-feira (2), o Barilive com o tema “Doenças do estômago e Obesidade”. O assunto foi abordado sob a ótica dos cirurgiões bariátricos Marcelo Falcão e Nilton Kawahara, sob moderação do também cirurgião Tiago Szego.
Na transmissão, os especialistas discutiram sobre diversos temas, entre eles as diferenças das técnicas de cirurgia bariátrica, Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE), gastrite, esofagite e outras patologias que afetam a qualidade de vida e que podem estar relacionadas com a obesidade.
Durante o bate-papo, os especialistas destacaram a importância de exames no período pré-operatório, entre eles a endoscopia, para avaliar a saúde do estômago do paciente.
“O Brasil adotou a endoscopia pré-operatória e isso evita muitas lesões pós-operatórias para o estômago excluso [no caso do Bypass Gástrico] , evita úlceras e é possível fazer diagnósticos de câncer precoce e verificar atrofias mais intensas”, destaca Marcelo Falcão.
Um internauta que acompanhava a transmissão ao vivo tinha dúvidas sobre quando realizar a endoscopia após a cirurgia bariátrica. De acordo com o Nilton Kawahara, em sua experiência, ele orienta que o exame seja feito anualmente.
“Eu gosto de acompanhar o tamanho da bolsa do novo estômago e da anastomose [a costura do novo estômago no intestino]”, explica Kawahara.
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)
Com maior incidência em obesos, a Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) ocorre quando o ácido estomacal ou outros conteúdos do estômago retornam ao tubo digestivo devido a fraqueza do esfíncter, a musculatura entre o estômago e o esôfago. A acidez irrita a parede do esôfago e causa a doença. Os principais sintomas são azia, regurgitação, perturbação do sono, dor no peito, comprometimento vocal e complicações respiratórias.
A DRGE pode ser diagnosticada ainda no pré-operatório por meio da endoscopia. O exame pode determinar o tipo de técnica que será aplicada no paciente.
“A própria cirurgia do Bypass Gástrico já age como um tratamento na maioria dos pacientes que tem refluxo”, comenta Kawahara. “Quando a gente operava com anel, isso era um problema, hoje sem anel temos um tratamento bem mais efetivo”, complementa Falcão.
O mal hábito alimentar é apontado por Falcão como um dos elementos causadores do enfraquecimento das barreiras responsáveis por manter o suco gástrico no estômago, causando inflamações como gastrite e esofagite.
Tratamento para o Refluxo Gastroesofágico
Durante a transmissão, os especialistas citaram uma nova tecnologia capaz de um estimular o funcionamento da musculatura do esfíncter esofágico inferior, similar a um marca-passo. A tecnologia, pode, segundo os cirurgiões, ser utilizada como uma alternativa antes da indicação da reoperação de pacientes submetidos à gastrectomia vertical com casos graves de DRGE.
“O eletrodo vai estimular a musculatura e evitar com que haja o refluxo do ácido do estômago para o esôfago. São tecnologias novas aparecendo, precisamos de mais estudos a longo prazo, inicialmente no Brasil temos bons resultados”, comenta Kawahara.
“O marca-passo tem mostrado pra gente resultados bem animadores e estamos esperando que ao longo do tempo isso seja aprovado com mais frequência”, acompanha Falcão.
Úlcera gástrica antes da cirurgia bariátrica
No caso de pacientes que tiveram úlcera gástrica, possuam histórico familiar de câncer, ou sejam positivos para H. pylori, os cirurgiões foram unânimes em apontar a gastrectomia vertical ou pelo bypass gástrico com a remoção do estômago excluso do paciente como opções para a cirurgia bariátrica.