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Presidente do Capítulo RJ da SBCBM na gestão 2016-2017 e membro da deretoria da gestão 2017-2018, Fábio Viegas publicou um artigo no jornal O Globo que põe em debate a validade do IMC como principal critério para definir a obesidade

Embora todos saibam que a obesidade é condição que predispõe ao aparecimento de doenças graves, poucos se dão conta de que a mesma é uma doença.

Considerada pelo público leigo como situação decorrente de comportamento alimentar errôneo, a obesidade está classificada no Código Internacional de Doenças e é considerada pelas sociedades Brasileira e Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica como tal. Segundo o site de ambas as sociedades científicas, trata-se hoje da segunda causa de morte evitável no mundo e predispõe em seu portador um potencial desenvolvimento de mais de 50 doenças associadas, entre elas a hipertensão e o diabetes mellitus do tipo 2.

Mas, de fato, quem pode ser considerado obeso e, portanto, em risco de ter sua saúde comprometida? Será que apenas o “peso total” representa de fato o grau de obesidade?

Como exemplo, podemos citar o lutador Mike Tyson, quando atleta, no auge de sua forma física, possuía 3% de gordura corporal e um índice de massa corporal de 42kg/m2. Segundo a Agência Nacional de Saúde e o Ministério da Saúde, são considerados obesos mórbidos todos aqueles que estão com um IMC (Índice de Massa Corporal) igual ou maior que 40kg/m2. Portanto, considerar Tyson, nessa época, obeso mórbido é, no mínimo, desconsiderar a natureza individual de sua composição corporal.

Os indivíduos com maior massa muscular são, naturalmente, mais pesados. Portanto, o peso total não é o melhor parâmetro para definir grau de obesidade. Sendo assim, torna-se imperioso uma avaliação médica para determinar de fato o grau.

Por essa lógica, indivíduos relativamente magros podem estar gravemente obesos. Mas, até hoje, do ponto de vista populacional, não há melhor método para atribuir o grau de obesidade do que pesar e medir uma pessoa. A relação entre o peso e altura determinará o grau de índice de massa corpórea.

Segundo a revista “Lancet”, em estudo recentemente publicado, existe uma alta correlação entre IMC elevado e doença coronária associada ao infarto agudo do miocárdio, morte por doenças respiratórias e câncer. De acordo com este trabalho, uma meta-análise com 239 estudos prospectivos confirmou que a elevação do IMC, de maneira diferente e proporcional à etnia de cada população estudada, elevava também substancialmente o índice de mortalidade. Desse estudo participaram 10.625.411 pessoas de Ásia, Austrália, Nova Zelândia, Europa e América do Norte. O tempo de avaliação foi de aproximadamente 14 anos.

O objetivo foi analisar a proporção de mortes prematuras que estivessem, de alguma forma, associadas ao excesso de peso. Estimou-se como IMC ideal a variação de 18,5 a 25 kg/m2. Estar acima do peso demonstrou, substancialmente, um risco de morte elevada em todos os continentes.

De acordo com Jonathan Samet, chefe da cadeira de Medicina Preventiva da Kech School of Medicine e um dos autores do estudo, o cálculo do IMC é uma medida imperfeita de gordura já que não mede a localização da mesma. Para ele, o grande perigo está na abdominal, o que impacta diretamente no aparecimento da síndrome plurimetabólica, representada na associação de doenças como diabetes, hipertensão e hipercolesterolemia.

Os sistemas de saúde pública devem estar atentos a políticas de prevenção da obesidade. Hoje, nosso país não morre mais de fome, ao contrário.

Fábio Viegas é presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica-RJ
Fonte: O Globo
Fotos: Canadian Obesity Network / Abellito Roldan (via Flickr/CC BY 2.0)

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