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Em sala lotada, o XXIV Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica promoveu uma sessão para debater os desafios do atendimento aos pacientes com IMC acima de 50 kg/m² com discussões essenciais sobre as melhores abordagens e os novos horizontes no tratamento desses casos graves, nesta quarta-feira (23).

O cirurgião Guilherme Bassols (RS) abriu a sessão questionando se a Gastrectomia Vertical ou o Bypass Gástrico continuam sendo as melhores opções para pacientes com IMC acima de 50kg/m². Em sua fala, ele destacou que o sucesso não pode ser pautado apenas no procedimento cirúrgico. “Não podemos apoiar o resultado na cirurgia só. Precisamos dizer isso ao paciente. São hábitos diferentes que precisam ser adotados”, ressaltou, apontando para a importância da mudança comportamental e da adesão ao estilo de vida saudável no pós-operatório.

O cirurgião Eudes Paiva de Godoy, trouxe à discussão uma abordagem menos convencional: a cirurgia ileal como tratamento primário para obesidade severa. Segundo ele, essa técnica pode ser uma alternativa viável, principalmente em casos de obesidade grau 4 ou 5, onde procedimentos em dois estágios podem ser necessários. “A farmácia trabalha no desenvolvimento de novas drogas e obtido sucesso, e nós cirurgiões devemos trabalhar para melhorar os modelos cirúrgicos”, afirmou, evidenciando o papel crescente da inovação na prática cirúrgica.

Já a endocrinologista Tarissa Petry trouxe dados que reforçam a importância da farmacoterapia precoce em pacientes com IMC superior a 50kg/m². Segundo ela, 4 em cada 5 pacientes que perderam menos de 500g por semana nos primeiros 6 meses após a cirurgia não atingiram os objetivos do procedimento, necessitando do uso de medicações.

“Estudos randomizados têm mostrado que semaglutida pode ser mais potente do que liraglutida para perda de 10% do excesso de peso”, disse, anunciando ainda que um novo Consenso da IFSO sobre terapia adjuvante está a caminho.

O cirurgião Vinicius Reis destacou a importância de uma abordagem individualizada para pacientes com IMC superior a 50kg/m², incluindo uma série de cuidados no pré-operatório. Ele destacou que é fundamental dividir os pacientes por faixas de IMC (50, 60 e 70) para tratá-los de maneira adequada.

Segundo o especialista, os pacientes com IMC 70 enfrentam maiores riscos de complicações clínicas, como doenças pulmonares e renais, além de infecções. “Ainda dá tempo e vai valer a pena. Não podemos desistir do nosso paciente”, enfatizou ao falar sobre a importância do acompanhamento próximo e de estratégias personalizadas.

O ex-presidente da SBCBM e da IFSO, Ricardo Cohen, trouxe uma visão ampla sobre os resultados a longo prazo das diferentes abordagens cirúrgicas no tratamento da obesidade. Ele destacou a importância da cirurgia metabólica como ferramenta preventiva contra doenças associadas à obesidade e comparou diferentes técnicas, como o bypass gástrico e o duodenal switch.

“O bypass e o sleeve têm melhores risco-benefício se comparados ao duodenal switch”, explicou Cohen, ressaltando que, apesar de eficaz, o duodenal switch pode acarretar mais complicações e efeitos colaterais.

Fechando a sessão, o cirurgião Marcos Leão Vilas Boas (BA) abordou os desafios no tratamento cirúrgico de adolescentes com IMC superior a 50kg/m². Em sua palestra, ele comparou a eficácia do sleeve gástrico e do bypass gástrico, destacando que o bypass continua sendo a técnica mais recomendada.

“A taxa de complicações é parecida e pequena, mas o bypass se mostra muito mais eficaz para reduzir a progressão da obesidade e das comorbidades associadas ao excesso de peso”, afirmou.

Ele também ressaltou que, em casos graves, a cirurgia não deve ser postergada, pois “quanto maior o tempo e doença, maior os riscos de comorbidades e mortalidade”.

XXIV Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica

O tema central do Congresso deste ano é “Cirurgia Bariátrica: Segurança e Eficiência”, que reflete a preocupação constante da SBCBM em garantir o melhor cuidado no preparo ao paciente cirúrgico, maior padronização e segurança nos procedimentos e, sobretudo, aprimorar os resultados para aqueles que buscam soluções para a obesidade e condições metabólicas associadas. Entre os dias 23 a 25 de outubro, o Congresso promove mais de 200 aulas e cursos com 347 palestrantes e debatedores convidados.

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