O investimento em cirurgia bariátrica no SUS deve triplicar nos próximos anos, saltando de R$25 milhões para R$75 milhões anuais. As informações são do Diretor do Departamento de Atenção Especializada e Temática (DAET), do Ministério da Saúde, Marcelo Campos Oliveira, que participou nesta quarta-feira (15), em Curitiba, do curso sobre cirurgia bariátrica no SUS, promovido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, durante o XX Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
“Essas políticas devem ser sim estimuladas. Já tivemos algumas reuniões em Brasília a esse respeito. A política é construída de forma tripartite sempre, esse é um dos pilares do SUS, a gente vai buscar fomentar esse método. Fomentar e incrementar a forma de acesso à cirurgia”, afirmou Marcelo Campos Oliveira sobre ampliação dos recursos destinados à cirurgia bariátrica
Os novos investimentos permitirão ampliar o número e cirurgias realizadas anualmente no Brasil pelo SUS, que atualmente são de 11 mil procedimentos por ano, segundo dados de 2018.
No dia 29 de abril, a diretoria da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica foi até Brasília para discutir alternativas para melhorar o cenário da cirurgia bariátrica e metabólica no país com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
“Precisamos democratizar o acesso à cirurgia bariátrica e metabólica, oferecendo o melhor tratamento para o grande número de pessoas que necessitam de atenção e tem sua qualidade e expectativa de vida reduzidas”, afirmou o presidente da SBCBM, Marcos Leão Vilas Boas.
CURSO SUS – Sob coordenação da cirurgiã bariátrica Galzuinda Maria Figueiredo Reis, os congressistas abordaram quatro temas principais: panorama das políticas públicas, habilitação em cirurgia bariátrica, viabilidade econômica e sustentabilidade. O curso esclareceu dúvidas sobre as ações do Ministério da Saúde, o credenciamento de centros cirúrgicos especializados, o papel dos gestores, construção e encaminhamento de propostas, entre outros pontos.
“Nós mostramos aqui que o número de cirurgias bariátricas no SUS ainda precisa melhorar muito. Nós evidenciamos que 1,18% dos pacientes que seriam elegíveis para cirurgia estão sendo operados. Nós temos que avançar, fazer mais cirurgias e ampliar os serviços para aumentar esse número”, destaca Galzuinda.
Do 1,6 milhão de obesos graves, 75,5% são pacientes do SUS, que hoje ainda apresenta dificuldades de acesso dessas pessoas à cirurgia bariátrica, agravando o risco de novas comorbidades e complicações futuras. A fila de espera é o maior dos problemas. No último ano, apenas 11.402 procedimentos foram realizados na saúde pública.
A cirurgia realizada imediatamente após sua indicação contribui para a cura ou remissão de diversas doenças associadas à obesidade como, por exemplo, a hipertensão, problemas nas articulações, coluna e diabetes tipo 2.
Cirurgia por videolaparoscopia
A realização e a ampliação da cirurgia bariátrica por videolaparoscopia é outra importante tema para a SBCBM.
A cirurgia bariátrica por videolaparoscopia foi incorporada nos procedimentos realizadas pelo SUS, em 2017, pela portaria n° 5, de 31 de janeiro. No entanto apenas 4,72% das cirurgias 11 mil cirurgias feitas pelo SUS são realizadas por vídeo.
Entre as vantagens da cirurgia por vídeo, comparado com a cirurgia aberta, estão menor tempo de internamento, diminuição do risco de hérnias e infecção da ferida cirúrgica, diminuição do risco de complicações pulmonares, menor dor pós-operatória e retorno mais rápido às atividades diárias. “Das cirurgias realizadas no SUS, 4,72% foram por via laparoscópica. A gente pode avançar mais, principalmente em hospitais universitários que tem melhor condições de fazer”, comenta Galzuinda.
Paraná é destaque – O Paraná realizou no ano passado 6.692 cirurgias bariátricas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que representa 58,6% de todos os procedimentos realizados no país.
Para o diretor do DAET, o modelo de gestão paranaense deve ser exaltado e parabenizado. “Esse modelo deve ser exaltado, enaltecido, valorizado para que outros estados também tenham essa mesma preocupação, esse mesmo cuidado”, disse. Ele lembrou que, cada Estado do país tem suas peculiaridades em relação a etnia, prevalência de doenças. “Então, não é porque no Paraná temos uma melhor atuação nesse segmento da cirurgia bariátrica que outros estados conseguirão e terão essa capacidade de acompanhar esses índices. Mas acho que é um modelo que tem que ser parabenizado”, destaca Oliveira.
Segundo Galzuinda, o mérito se deve a organização e aos gestores que apoiam a realização da cirurgia mas lembra que os recursos acabam sendo mais disputados em hospitais de alta complexidade. “Os resultados dependem muito da organização e do gestor local, me parece que aqui existe um apoio dos gestores para realização da cirurgia”, menciona.