O comportamento alimentar inadequado pode influenciar na obesidade do paciente. Diversos psiquiatras e psicólogos se reuniram no Núcleo de Saúde Mental do XX Congresso de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, nesta quinta-feira (16), para debater sobre o tema.
De acordo com o psiquiatra Hélio Tonelli algumas doenças podem levar a obesidade ou a sua recidiva, caso não sejam tratadas. “São casos de depressão, transtornos de humor e padrões de comportamento alimentar, que podem levar ao insucesso da bariátrica”, esclareceu.
Não é possível afirmar que a obesidade causa transtornos psicológicos ou que os transtornos podem causar o excesso de peso. Segundo a psicóloga Simone Marchesini as duas coisas andam juntas. “Até mesmo a alimentação tem muita influência no nosso psicológico. Existem estudos que mostram que até as bactérias do intestino influenciam nos nossos sentimentos, então dependendo do alimento que você come, pode ficar deprimido. Temos que cuidar da saúde mental, física e do que comemos. As três coisas acontecem juntas”.
O acompanhamento com os profissionais da área no pré-operatório é necessário para maximizar os resultados positivos da cirurgia. “Existem os comedores emocionais, que comem quando estão ansiosos, tristes ou alegres. Também existem aqueles que podem desenvolver compulsão por compras, bebida ou jogos e, por isso é extremamente importante a avaliação no pré-cirúrgico”, afirmou Tonelli.
Período de transformação
A mudança na vida do paciente que passou por uma cirurgia bariátrica ou metabólica é muito rápida. “Ele não consegue entender, computar e metabolizar essa transformação. Naturalmente, nós temos um tempo para elaborar as mudanças naturais”, explicou Marchesini.
A coordenadora do Núcleo de Saúde Mental da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Michele Pereira, lembra que o paciente é um ser completo, de mente e corpo. “O paciente pode trazer uma queixa de adaptação ou adesão, em relação a sua rede de apoio, problemas que pode estar enfrentando de ordem financeira, relacional ou afetiva de uma forma muito clara para quem está atuando diretamente com ele, seja profissional da saúde mental ou não”, alertou.
Os psiquiatras e psicólogos têm o papel de acolher o paciente e ajudá-lo no período de mudanças pós-bariátrica. “Nosso trabalho começa com o acolhimento, mostrar que é um espaço de não julgamento. Procuramos compreender os motivos pelos quais ele adquiriu a obesidade. Trabalhamos muito com a questão de estar lado a lado para lidar com a doença e com a vida como um todo. Talvez o paciente tenha desenvolvido a doença por motivos que ele nem tenha consciência. Além disso, não temos exame e precisamos muito de um relato real do paciente”, lembrou.
O Congresso
O XX Congresso de Cirurgia Bariátrica e Metabólica acontece entre os dias 15 e 18 de maio, em Curitiba.
O evento reúne cirurgiões bariátricos, endocrinologistas, nutricionistas, psicólogos, psiquiatras, educadores físicos e fisioterapeutas, entre outras categorias relacionadas ao tratamento da obesidade.