As formas de prevenir a anemia e a colelitíase (pedra na vesícula) pós-cirurgia foram discutidas, neste sábado (30), em São Paulo, no o 1º Encontro de Líderes em Cirurgia Bariátrica.
O evento promovido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) reuniu os cirurgiões que atuam no tratamento da obesidade em todo o Brasil.
A SBCBM desenvolveu as ‘Diretrizes sobre a Colelitíase associada à Cirurgia Bariátrica’, visando à prevenção e o tratamento da doença em pacientes no pós-operatório.
Segundo o presidente da SBCBM, Marcos Leão Vilas Boas, no Brasil ainda não existiam diretrizes clínicas direcionadas aos cuidados necessários para prevenção da colelitíase. “O nosso objetivo é instruir melhores práticas clínicas aos cirurgiões bariátricos e equipe multidisciplinar envolvida no tratamento de pacientes, em curto e longo prazo”, comenta.
O estudo aponta para a possibilidade de reduzir ou eliminar a formação de cálculo biliar através da utilização do ácido ursodesoxicólico (AUDC) após a realização do procedimento.
“O estudo apontou que o AUDC inibe a síntese hepática do colesterol e estimula a síntese de ácidos biliares, restabelecendo o equilíbrio entre eles”, explica o vice-presidente executivo da SBCBM, Luiz Vicente Berti, e um dos autores das diretrizes.
A colelitíase pós-cirurgia bariátrica
De com Berti, a colelitíase ocorre em 7% a 17% na população em geral. No entanto, entre os pacientes que perdem grande quantidade de peso com tratamento clínico ou cirúrgico a ocorrência da colelitíase, doença popularmente conhecida como pedra na vesícula, é de 25% a 38%.
A doença ocorre pela eliminação de sais de colesterol pelo fígado, levanto a saturação da bile. Em vesículas hipofuncionantes essa saturação é tão intensa que culmina em pequenos cálculos (pedras). “Durante a fase de saturação o tratamento clínico é eficaz, podendo evitar a cirurgia, que deve ser indicada quando o paciente apresentar os sintomas de dores intensas do lado direito do abdome, náuseas e vômitos, mas, vale ressaltar que a colelitíase pode também ser assintomática.
O cirurgião austríaco, Karl Miller, falou sobre a profilaxia da litogênese após a cirurgia bariátrica. “Precisamos apontar aos pacientes como evitar a formação dos cálculos biliares ao invés de tratar. Isso porque a chance de uma pessoa com a vesícula biliar saudável ter cálculos é de 40%. Em casos de pessoas com dieta restrita é a chance é de 25% a 38%”, reiterou Muller. Reforçando que a cirurgia bariátrica propicia uma perda de peso muito eficiente nos pacientes, aumentando a chance de cálculos.
Karl Miller é um dos pioneiros em cirurgia bariátrica laparoscópica e é mundialmente conhecido por ser um pesquisador vanguarda no tratamento cirúrgico da obesidade e das doenças metabólicas.
A importância do Ferro
A nutricionista Sílvia Pereira, do Rio de Janeiro, abordou a anemia ferropriva e a importância da suplementação de ferro após a cirurgia bariátrica.
Ela relatou que entre as causas de anemia por deficiência de ferro estão gastrites, diverticulites, dieta inadequada, alterações no trato digestório, deficiência de nutrientes como zinco, B12, Vitamina A, vitamina D e albumina.
Os sintomas dos pacientes que possuem deficiência de ferro, vão desde a fadiga, palpitações , déficit de concentração e outros.
São considerados casos de deficiência de ferro pacientes com a ferritina menor do que 13 e transferrina, o índice de satisfação menor do que 16%.
Silvia reforçou ainda a importância do acompanhamento nutricional no pré-operatório, tendo em vista que os pacientes obesos, em sua maioria, alimentam-se inadequadamente.
“A ingestão excessiva de alimentos não quer dizer uma ingestão de qualidade e isso acontece muito no indivíduo obeso que deve ser tratado antes da cirurgia”, ressaltou.
Outros temas
Durante o encontro de Líderes, o presidente da SBCBM Marcos Leão Vilas Boas, fez um balanço da sua gestão e apresentou a nova campanha que a SBCBM está lançando para este biênio com o tema Nova Vida Metabólica – uma nova chance para pacientes com Diabetes Tipo 2.
“Vamos mostrar o cenário do diabetes no Brasil, os tratamentos e o impacto na redução dos custos de tratamento das complicações em pacientes com diabetes tipo 2 a médio e longo prazo”, afirmou o presidente da SBCBM, Marcos Leão Vilas Bôas .
CONGRESSO
Já o vice-presidente da SBCBM, Fábio Viegas, juntamente com o diretor médico da SBCBM, Antônio Carlos Valezi, apresentaram as novidades do Congresso da SBCBM para este ano. O evento acontece entre os dias 15 a18 de maio, em Curitiba.
O 1º Encontro de Líderes conta com o apoio do laboratório farmacêutico Zambon.