A cirurgia bariátrica no Sistema Único de Saúde (SUS) foi pauta do Barilive na noite da última quinta-feira (9) com a participação dos cirurgiões bariátricos Felipe Rossi, Galzuinda Maria Figueiredo Reis e Wilson de Freitas Júnior.
A fila de espera para a cirurgia bariátrica no sistema público é uma das principais queixas dos pacientes. Os especialistas estimam que a fila reprimida de pacientes elegíveis pode chegar a 700 mil pessoas pelo SUS.
“A capacidade dos hospitais públicos nem sempre atingem o que a gente gostaria. Alguns hospitais produzem poucas cirurgias pois possuem outras áreas que acabam competindo com a bariátrica”, explica Galzuinda.
Ela comenta também que vários fatores contribuem para isso, entre eles o acesso aos exames pré-operatórios, por exemplo, e lembra que a cirurgia é apenas um ponto do processo de tratamento da obesidade, que também inclui atendimento no pós-operatórios com especialistas de outras áreas, como endocrinologistas e psicólogos.
O tempo de espera para fazer a cirurgia bariátrica no sistema público de saúde gira em torno de quatro a seis anos, mas o prazo pode variar em cada região do país. O Paraná, por exemplo, é o Estado responsável por 47% das cirurgias bariátricas feitas pelo SUS em todo o país, o que faz com que o tempo seja menor.
“É bastante difícil pois se fizer uma tabela em cinco ou dez anos, com certeza a cirurgia vai se pagar, mas o custo imediato é relativamente alto. O sistema tem dificuldades com a gestão já herdada”, completa Wilson de Freitas Júnior.
Cirurgia minimamente invasiva
A cirurgia bariátrica videolaparoscópica, também conhecida como minimamente invasiva, foi incorporada ao SUS em março de 2017, mas o valor de financiamento do procedimento não cobre os custos da operação e por isso não são observados números efetivos. Em 2017, apenas 270 cirurgias foram feitas com a técnica no sistema público.
“[Na Santa Casa de São Paulo] a gente acaba por fazer em situações pontuais. Conseguimos oito kits de doação de uma empresa e fizemos seis casos. Temos também um curso com uma empresa que nos cede [equipamentos] para cinco cirurgias por semestre”, comenta Wilson de Freitas.
Enquanto na cirurgia videolaparoscópica são feitas mini-incisões de 0,5 a 1,2 centímetros, por onde passam as cânulas e a câmera de vídeo, na cirurgia aberta – que ainda predomina no SUS –, o médico faz um corte de 10 a 20 cm no abdômen do paciente.
“O grande dificultador são os valores de remuneração que são iguais os da aberta e praticamente inviabilizam a realização da cirurgia”, completa Galzuinda.
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SBCBM busca Ministério da Saúde para viabilizar mais cirurgias
No dia 29 de abril, a diretoria da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica foi até Brasília para discutir alternativas para melhorar o cenário da cirurgia bariátrica e metabólica no país com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
“Precisamos democratizar o acesso à cirurgia bariátrica e metabólica, oferecendo o melhor tratamento para o grande número de pessoas que necessitam de atenção e tem sua qualidade e expectativa de vida reduzidas”, afirmou o presidente da SBCBM, Marcos Leão Vilas Boas
Atualmente são realizadas aproximadamente menos de 100 mil cirurgias bariátricas por ano, sendo 10 mil pelo SUS.
O ministro se mostrou sensível ao quadro e designou equipe técnica para buscar solução adequada com o orçamento da pasta e a realidade do país.
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