As consequências e os efeitos cardiovasculares da obesidade foram discutidas no XXI Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica nesta sexta-feira (12). Participaram da mesa o cardiologista norte-americano Steven Nissen e o ex-presidente da SBCBM João Caetano Marchesini.
De acordo com o pesquisador, estudos mostram que a cirurgia bariátrica e metabólica promove redução de 62% de riscos de cirurgias cardíacas em pacientes operados quando comparados aos pacientes que mantém apenas o tratamento clínico contra a obesidade e diabetes tipo 2. Ele também aponta redução de fibrilação atrial de 22% e de 41% do risco de mortalidade por todas as causas cardiovasculares.
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“Pacientes com diabetes e obesidade obesidade apresentaram um risco reduzido de 40% em eventos cardíacos adversos e diminuição do uso de medicações para controlar hipertensão arterial, lipídeos e colesterol”, comenta Nissen.
Segundo João Caetano Marchesini, a cirurgia metabólica começou há aproximadamente 15 anos e tem demonstrado continuamente excelentes resultados no controle e remissão do diabetes e das doenças associadas.
“Hoje, não oferecer aos nossos pacientes e falar para eles sobre a cirurgia metabólica eu considero um ato de omissão. Os dados são muito robustos sobre os benefícios da cirurgia metabólica em relação às comorbidades como diabetes, dislipidemia e, no caso do estudo de Nissen, sobre saúde cardiovascular. Estamos falando de uma comorbidade que leva à morte. A redução de 40% dos eventos cardiovasculares graves é algo muito importante”, comenta Marchesini.
Por fim, Steven Nissen afirmou que a evolução do tratamento cirúrgico da obesidade e diabetes e a comprovação de seus benefícios ainda precisam de mais dados e estudos randomizados.
“Vemos muitas evidências de benefícios e precisamos de um grande estudo sobre desfechos cardiovasculares para analisar os benefícios da cirurgia metabólica em comparação ao tratamento medicamentoso. Vamos ver certa resistência mas esperamos que esse estudo possa ser realizado logo em escala global”, diz o pesquisador e diretor de Medicina Cardiovascular na Cleveland Clinic Ohio.