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palestrantes e convidadosUma pequena parte dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica podem apresentar recidiva da obesidade, ou seja, o ganho de peso após o procedimento.

O ganho de peso pós-cirurgia bariátrica foi o tema principal da 3a Reunião Científica, realizada no último dia 17 de junho, no Rio de Janeiro e que contou com a presença de 50 especialistas.

Segundo Dr. Antonio Claudio Jamel Coelho, presidente do Capítulo RJ da SBCBM, hoje, o maior desafio é passar esclarecer à população que a obesidade é uma doença e que a cirurgia bariátrica não é vacina contra a obesidade.

Entre os palestrantes, o Dr. Almino Ramos, Dr. Caetano Marchesini, Dr.Fábio Viegas, Dr.Mauricio Emannuel, Dr.José Luís Varella e Dra. Luciana El-Kadre.
” A sociedade deve saber que o obeso mórbido tem uma doença crônica que pode voltar e que o comportamento dele será fundamental para o resultado”, informa Jamal.  “Os resultados da cirurgia são maravilhosos e uma porcentagem muito pequena dos pacientes volta a engordar. No entanto,  é preciso enfrentar a recidiva da doença “, alerta.

DESAFIOS – Os desafios no tratamento da obesidade foi o tema da palestra do Dr. Almino Ramos. Segundo ele, a obesidade representa um grande desafio pela complexidade da doença, o que torna a objetividade de um tratamento bastante difícil, pois pode afetar um ou dois aspectos, mas existem muitos outros que não serão afetados.

“A melhor terapia que se tem hoje é a cirurgia, mas pela natureza da doença e do seu perfil crônico pode haver necessidade de se fazer ajustes de um paciente operado, através de um acompanhamento multiprofissional no pós-operatório ou até pelas necessidades de novas cirurgias”, informa Almino.

Para Dr. Almino a cirurgia bariátrica é vista pela sociedade como uma terapia altamente invasiva. “Temos que mostrar a realidade da cirurgia e seus bons resultados, para que o paciente possa superar as barreiras e as modificações que ela vai implicar na sua vida ao longo tempo”, afirmou Almino. Ele reforçou a importância de envolver outros especialistas nessa discussão, principalmente, os que possuem relação com o paciente obeso como o endocrinologista, o cardiologista e o ginecologista.

Da esquerda para direita Dr. Fábio Viegas Dr. Claudio Jamel Dra. Luciana El-Kadre Dr. Almino Ramos Dr. Maurício Emannuel Dr. Caetano Marchesini

“Apenas 6% dos pacientes que operam hoje são referenciados por outros médicos”, conta.

 

TÉCNICAS– O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Dr. Caetano Marchesini), falou sobre técnica cirúrgica e o seu resultado: ‘DS e SADI-S, são as operações com melhor resultado nas revisões?’.

Segundo ele, por ser muito invasiva, esta técnica é indicada para pacientes que precisam perder muito peso, pois trata-se de uma cirurgia resistente e com técnica mais difícil.

“Apesar de ser uma cirurgia duradoura e eficiente, não considero a cirurgia revisional definitiva. Aliás, nenhuma outra cirurgia se mostrou totalmente eficaz nesta questão”, disse Marchesini.

O Dr. Fábio Viegas falou sobre o tema ‘O que há por trás na recidiva da obesidade após o bypass gástrico?’ O cirurgião reforçou que, antes de mais nada, é preciso entender o que levou o paciente a recidiva da obesidade. “Falar que o paciente ganhou peso por um problema dele, não é uma justificativa. Temos que, primeiramente entender a doença e a razão da falha”, ressalta. Dr. Fábio também considera que é importante avaliar se a cirurgia apresentou algum defeito técnico; se a cirurgia está anatomicamente boa, se foi a melhor técnica para o caso e se o paciente teve o comportamento adequado após a operação. “São essas perguntas básicas que devemos fazer ao avaliar um paciente que apresentou a recidiva da obesidade”, argumenta.

Dr. José Luís Varella abordou a questão da cirurgia robótica na melhora dos resultados nas operações revisionais. “Com a experiência adquirida, os casos de cirurgias revisionais ganham maior importância na cirurgia robótica, pois passam a ser mais facilmente resolvíveis pela melhora da performance do cirurgião”, ressalta. Segundo ele, o que está se oferecendo para esse paciente que não teve uma primeira cirurgia com resultados esperados, é aliar um bom cirurgião ao uso do robô e obter, assim, a melhor performance.

“A obesidade é uma doença complexa, uma doença multidisciplinar e está comprovado que o tratamento deve permanecer após a operação, já que trata-se de uma doença crônica, incurável, tipicamente recidivante e que requer uma mudança comportamental”, informa Dr. Maurício Emannuel. Segundo ele, quando ocorre a recidiva de obesidade, esse paciente deve ser recebido não como um doente fracassado, mas como um portador de uma doença que eventualmente recidiva, tal como um doente de câncer. “E esse tratamento não é necessariamente cirúrgico. Nós devemos seguir um novo passo a passo, tratá-lo como um novo doente, seja com medicamentos, endoscopia e, se necessário, realizar nova cirurgia. Tudo isso com aspecto multidisciplinar. A recidiva sempre foi um desafio”, frisa. Para ele, o que parece ser diferencial nas estatísticas é a qualidade do atendimento multidisciplinar. “À medida que o tempo passa os cirurgiões têm que envolver, não só a expertise do ato cirúrgico, mas também uma equipe competente. Sem isso, o cirurgião não vai colher bons resultados ao longo prazo”, conclui.

A cirurgiã Luciana El-Kadre falou sobre o tema “Prevenindo a recidiva da obesidade – onde estamos?”. Ela abordou que o tratamento cirúrgico da obesidade continua sendo o único, melhor e efetivo em médio e longo prazos. “A manutenção do peso perdido é o desafio e o papel da atividade muscular pode ser fundamental’, informa. Segundo Dra. Luciana, entre as possíveis causas estão o estilo de vida, a saúde mental, fatores metabólicos, hormonais e a técnica cirúrgica. “Em até 30% dos casos, podem haver causa anatômica que justifique uma segunda operação, que deve ter cobertura das fontes pagadoras. Já a administração de análogo de GLP-1 e a abordagem endoscópica, com menor risco de complicações, podem estar indicadas”, afirma. Ela acrescentou que a segunda cirurgia é uma nova chance ao paciente, pois pode acrescentar o controle da doença quando um novo mecanismo de ação for adicionado e que deve ser considerada diante de uma recidiva”, conclui.

 

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