Cirurgia para o tratamento de diabetes tipo 2 é autorizada no Brasil para pacientes que não têm o controle da doença com medicamento
A Federação Internacional de Diabetes (IFD, na sigla em inglês) acaba de publicar a 10ª edição do Atlas do Diabetes. Os dados mostram o crescimento da doença e colocam o Brasil no ranking entre os países em que há maior prevalência e despesas com tratamento. Neste ano, o custo estimado do diabetes no Brasil é de 42,9 bilhões de dólares, ficando atrás apenas da China e Estados Unidos, com US$ 165,3 bi e US$ 379,5 bi, respectivamente.
Segundo o relatório, o Brasil é o sexto país do mundo com o maior número de pacientes com diabetes. São cerca de 15,7 milhões de pessoas convivendo com a doença. Até 2045, a estimativa é que tenhamos no país cerca de 23,2 milhões de pacientes. Por ser uma doença que não apresenta sintomas em sua fase inicial, o diabetes é difícil de ser diagnosticado. A nova edição do Atlas estima que só no Brasil cerca de 5 milhões de pessoas não saibam que estão com diabetes.
Sobrepeso e obesidade são fatores de risco
Estima-se que 90% dos casos de diabetes no mundo sejam do Tipo 2. Apesar da genética ter uma forte influência no desenvolvimento da doença, o sobrepeso e a obesidade são os principais motivos do crescimento deste tipo de diabetes no mundo.
“Ao se tornar descompensado, a doença apresenta sérios riscos para a saúde, podendo afetar órgãos como olhos, rins, fígado, coração e sistema vascular. Assim como ocorre com a obesidade, o diabetes é considerado um problema de saúde pública em diversos países. A Organização Mundial de Saúde (OMS) já considera o Diabetes uma epidemia”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica Fábio Viegas.
O tratamento inclui mudanças no estilo de vida, prática de exercícios físicos e a introdução de uma dieta adequada. Pacientes com IMC acima de 30 que não estão obtendo resultados com mudanças no estilo de vida e medicamentos podem optar pela cirurgia metabólica.
Cirurgia para o diabetes
A cirurgia metabólica foi reconhecida como tratamento cirúrgico do Diabetes Tipo 2 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2017. O conceito surgiu da observação do controle do diabetes tipo 2 em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica e já era reconhecida em outros países. A diferença entre as duas é que a cirurgia metabólica visa o controle do diabetes e doenças relacionadas. Já a cirurgia bariátrica tem como objetivo a perda de peso, com as metas para contenção das doenças, como o diabetes e hipertensão, em segundo plano.
Na resolução, o CFM definiu critérios para indicação da cirurgia metabólica, entre eles a obesidade leve (IMC entre 30 kg/m² e 34,9 kg/m²), diabetes diagnosticado há menos de 10 anos e sem controle através dos tratamentos convencionais e pacientes entre 30 e 70 anos de idade.
O procedimento é realizado por videolaparoscopia, através de pequenos furos na parede abdominal. Essa alteração promove a passagem mais rápida do alimento do estômago para o intestino e traz mudanças metabólicas como a aceleração da produção de hormônios, que atuam no pâncreas melhorando a produção de insulina, o que normaliza os níveis de glicose no sangue.
Os estudos têm demonstrado benefícios a médio e longo prazo para a qualidade de vida destes pacientes como, por exemplo, que 45% dos pacientes entram em remissão do diabetes (deixam de tomar medicamentos e insulina) já no primeiro ano de cirurgia. Além de controlar a glicemia e o peso, evidências mostram outros benefícios diretos que são extremamente importantes na pessoa com diabetes, como a queda na pressão arterial e nos níveis de colesterol ruim (LDL) e triglicerídeos, e aumento do colesterol bom (HDL).