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O cirurgião bariátrico, Felipe Rossi,  foi o mediador do Barilive da última terça-feira (28), que teve como tema os cuidados nutricionais na gestação pós-cirurgia bariátrica.

O tema, indicado pelo Núcleo de Saúde Alimentar da SBCBM, foi abordado pelas nutricionistas Luciana Coppini (São Paulo) e Fernanda Mattos (Rio de Janeiro) que falaram sobre os principais aspectos das pacientes que engravidam após a cirurgia e responderam perguntas de internautas. A transmissão é feita ao vivo pelo Facebook toda semana e é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).

Luciana iniciou explicando que o melhor momento para a paciente engravidar é quando ela já parou de perder o excesso de peso e consegue fazer uma alimentação equilibrada, com todos os grupos de alimentos. “A paciente está tomando seu suplemento, já passou a fase de maiores deficiências nutricionais, de correções que a gente faz no início. Este momento geralmente é após os 12 meses de cirurgia. Lá pelos 18 meses, até 24 meses, seria o momento ideal para recomendar a gestação”, esclareceu. “É o tempo para a paciente se adequar aos novos hábitos alimentares e à questão da suplementação”, completou Fernanda.

Outra questão abordada foi o ganho de peso durante a gestação. As nutricionistas afirmaram que o ganho de peso deve ser o mesmo de uma paciente que não passou por cirurgia bariátrica: de oito a doze quilos aproximadamente. “Após uma gestação, se ela não se cuidar, ela pode vir a ganhar muito mais peso. É uma paciente que já tem uma doença, que foi a obesidade. Ela fez um tratamento e tem que se cuidar porque há um risco muito grande voltar a ganhar peso”, alertou Luciana.

“Quanto mais precoce a gestação, maiores são os riscos para a mãe e para o bebê”, afirmou Fernanda, citando o risco de aborto espontâneo e deficiência nutricional. “Por isso que é recomendado nacional e internacionalmente não engravidar antes dos 18 meses”. Luciana explicou que as futuras mamães precisam de uma atenção maior com o consumo de zinco, ferro, ácido fólico, vitamina B12, cálcio e a vitamina D, além da ingestão de proteínas. As nutricionistas destacaram que as gestantes que passaram por cirurgia bariátrica precisam de atendimento bimensal para acompanhamento dos índices nutricionais.

A amamentação também foi abordada. Fernanda explicou que a grande maioria das mulheres perde peso durante a amamentação, mas que não se trata de uma regra. “São tantas variáveis para a gente poder dizer se vai perder peso ou não durante a amamentação que a resposta acaba sendo: depende”.

Felipe Rossi contou que muitas pacientes têm medo de engravidar, ganhar peso e não conseguir emagrecer e questionou se há um procedimento diferente com as gestantes. Luciana comentou que ganho de peso durante a gestão pode dificultar a perda de peso, mas que os cuidados são os mesmos de uma gestante que não passou pela cirurgia bariátrica.  Mesmo em caso de gestação gemelar.

O cirurgião também perguntou sobre como as futuras mães devem agir com os ‘desejos alimentares’, com a vontade de comer coisas esquisitas. A resposta das duas foi seguir uma alimentação equilibrada para poder ceder a alguns desejos. Mas, que o desejo pode indicar algum problema, como deficiência nutricional.

“Também não há necessidade de comer por dois”, ressaltou Fernanda. Com relação ao uso de adoçantes, Luciana disse que é preciso avaliar a necessidade do uso, se a gestante é diabética ou pré-diabética. “A sucralose pode ser a indicação de um adoçante, se necessário”.

Auto suplementação – Fernanda chamou atenção para os riscos da auto suplementação. “Não é apenas uma vitamina ou um mineral. É uma substância que vai ter efeitos biológicos. Quando se trata de gestantes, tem que ter todo o cuidado. Não pode consumir qualquer coisa. Eu falo para elas: ‘olha, é um momento especial, vamos seguir os protocolos e consensos brasileiros e internacionais que a gente vai bem’”.

Além disso, ela explica que existe interação entre os nutrientes, que podem mascarar a deficiência de outros. O excesso ou a falta de suplementação pode causar danos ao bebê. “Apesar de a cirurgia bariátrica ser datada desde 60, tem muito pouco trabalho com gestante bariátrica. Estas crianças estão nascendo, estão pequenas ainda. Vamos ver como elas vão ser quando adultas. A gente ainda está caminhando nesta ciência”, concluiu.

 

 

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