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A psicologia e a psiquiatria em pacientes bariátricos estiveram entre os temas da manhã no Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica 2024. O evento está ocorrendo em João Pessoa, na Paraíba, com mais de 2 mil profissionais inscritos e 450 discussões médico-científicas.

A psicóloga Aida Regina Marcondes Franques, de São Paulo, dedicou a sua aula a mostrar como surgiu e evoluiu a psicologia bariátrica no Brasil. As primeiras cirurgias da área feitas no país ocorreram na década de 1970. Mas só foi nos anos 1990 que o tratamento psicológico e psiquiátrico passaram a ser mais amplamente discutidos no tratamento da obesidade. “Foi tudo muito intuitivo nesse começo, porque não havia nenhuma literatura sobre o tema. Sequer obesidade era considerada doença”, contou Aida.

Em 2003, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) criou a Coesas, que é a Comissão de Especialidades Associadas e reúne áreas adjacentes ao tratamento bariátrico. Já no ano seguinte, pela primeira vez um Congresso discutiu o tema, o que culminou, em 2005, com o Conselho Federal de Medicina (CFM) tornando obrigatório o acompanhamento psicológico/psiquiátrico em pacientes encaminhados à cirurgia bariátrica. Surgiram os primeiros livros sobre o tema e, em 2023, a Coesas lançou as “Diretrizes Brasileiras de Assistência Psicológica em Cirurgia Bariátrica”.

A psicóloga Ana Lúcia Ivatiuk, do Paraná, integrante do Núcleo de Saúde Mental da Coesas, também foi palestrante e descreveu as diferenças entre o “comer emocional” e o “vício em comida”, ambas as situações ligadas à obesidade. “Uma pesquisa americana mostrou que 38% da população dos Estados Unidos come emocionalmente”, disse ela, que ainda reforçou que a pessoa que não trata o comer emocional, em geral, repete o comportamento após a cirurgia bariátrica. Isso mostra o quão importante é o acompanhamento psicológico e psiquiátrico antes e após a cirurgia.

Psiquiatria na obesidade

Os transtornos de humor relacionados à obesidade foram tema da aula do psiquiatra Alexandre Laux, do Paraná. Ele relatou que existem mais de 200 tipos de depressão e por isso é preciso estar muito atento para identificar a depressão atípica na obesidade, algo que pode ser difícil de diagnosticar e tratar. Ele demonstrou ainda o quão árduo pode ser dosar o tratamento medicamentoso ao paciente bariátrico, visto que boa parte das drogas usadas nos transtornos de humor podem prejudicar o metabolismo e levar o paciente ao ganho de peso. E é justamente isso que não se deseja num paciente que busca cirurgia bariátrica.

Ele explicou que o uso dos medicamentos é necessário. Mas alertou que, principalmente em pessoas com transtorno bipolar, o psiquiatra precisa agir muito rápido para o paciente não desistir do tratamento e evitar ao máximo os efeitos colaterais.

Fechando o debate, o psiquiatra Hélio Tonelli, do Paraná, explanou sobre como age o cérebro e a mente frente a uma cirurgia bariátrica. Ele trouxe exames de imagens, mostrando a toxicidade (inflamação) maior no cérebro de pessoas com obesidade. Isso pode gerar alterações comportamentais e confusão de sentimentos, entre eles os relacionados à fome.

Ao final, além dos palestrantes, também participaram do debate sobre saúde mental Thays Maynart Machado (Sergipe), Celia Maria de Castro Fiuza (Minas Gerais), Thais Costa (goiás), Fabiana Andrade de Luna Freire Guimarães (Rio de Janeiro, Lis Marina Lopes Lazzarini (São Paulo).

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