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Nesta sexta-feira (17), último dia do XX Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, em Curitiba, os especialistas debateram os temas mais atuais no campo da cirurgia bariátrica na atualidade.

O uso da técnica de gastrectomia vertical e suas contraindicações na DRGE, (Doença do Refluxo GastroEsofágico) foi um dos temas. Para o Dr. Natan Zundel, professor e Vice-Presidente Departamento de Cirurgia Fiu Herbert Wertheim College Of Medicine, concordou que o uso do sleeve em tais casos deve voltar a ser o que era, ou seja, utilizado em duas partes na intervenção do estômago (switch duodenal). O cirurgião brasileiro, Orlando Faria, do Distrito Federal, argumentou que, em casos de refluxo do conteúdo gástrico, a indicação do uso de sleeve deve ser evitado, devido a necessidade de mais medicamentos no pré-operatório.

Tratamentos para obesos com idades extremas

Em seguida, o Dr. Hilton Libanori, cirurgião atuante em São Paulo, expôs sua visão sobre os cuidados em tratamentos diferenciados em obesos extremos de idade, muito jovens ou acima de 60 anos. Segundo ele, a conduta deve ser diferente em adolescentes e idosos. “Tendo o adolescente uma maior adesão ao tratamento, por ter um melhor perfil metabólico, a técnica em y roux apresenta muito menos risco do que o mini-gastric by-pass. Já para os pacientes idosos, que estatisticamente têm mais adesão ao acompanhamento, o uso de sleeve ainda é a melhor opção”. Entrando em consenso, o Professor Torsten Olbers, da Suécia, acrescentou que “O mecanismo de ação do by-pass passou no teste do tempo no quesito segurança, pois apresentou baixos níveis de complicações, com apenas 1 caso entre 15 pacientes”. Olbers concluiu que o by-pass é uma forma “segura, confiável e durável”, e frisou a importância de “padronizar e melhorar continuamente as técnicas de procedimento”.

Duelo entre Cirurgiões

Finalizando a primeira parte do debate, o Dr. André Fernandes Teixeira, atuante no Orlando Health, EUA, defendeu o uso da Robótica em cirurgias de super obesos. “A robótica tem o poder de expandir o tempo de carreira do cirurgião. Comparado com a laparoscopia, estudos recentes demonstram que não houve diferença no tempo da cirurgia entre os tipos de obesos. Porém, com o uso da Stapler sureform 60, o tempo da operação diminuiu, com o robô fazendo a grampeadora, evitando assim dores para o cirurgião”.

Em contra partida, o Dr. Ricardo Cohen, que atua no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, disse que o uso da robótica deve ser cuidadosamente analisado, pois além de apresentar uma maior demora nos procedimentos, apresenta um conflito de interesses.  “A robótica não tem vantagem sobre a cirurgia laparoscópica. Ainda não temos evidências robustas. Sem dados, somos apenas pessoas com opiniões”, conclui.

Em tréplica, o Dr. André Teixeira diz que o tema é controverso, mas que a evolução é inevitável, pois apesar do alto custo, denota uma melhoria na qualidade. “Tenho convicção que, assim como a laparoscopia no passado, a tecnologia robótica veio para ajudar os cirurgiões. Talvez a quebra de patente possa popularizar mais a cirurgia robótica nos próximos anos”, acredita André.

Remissão da Diabetes Tipo 2

Presidida pelo Dr. João Caetano Marchesini, o último tema da sessão debateu a necessidade dos vários mecanismos para remissão do Diabetes Tipo 2 na cirurgia bariátrica. O Dr. Guilherme Rocha Campos, há 22 anos atuando nos EUA na Division of Bariatric and Gastrointestinal Surgery, compartilhou sua experiência como especialista em cirurgia minimamente invasiva para doenças esofágicas e gástricas, hérnias de parede abdominal (inguinal, ventral e umbilical), doenças da vesícula biliar e tratamentos de obesidade. Segundo ele, a cirurgia bariátrica tem ação repressora do Diabetes, modulando a oxidação de gordura, tanto no fígado quanto na periférica. “Todos os procedimentos que ajudam o paciente a perder peso são importantes, já que o acúmulo de gordura leva à hiperglicemia. Um exemplo é o teste para verificar se o by-pass causa impacto na perda de gordura corporal, diminuindo inclusive a gordura do fígado. A redução de gordura leva à redução de hiperglicemia”.

Em suas considerações finais, o Dr. Guilherme atesta que, nos Estados Unidos, apenas 0,5% dos pacientes foram referidos para a Cirurgia Bariátrica. No país, apesar de um alto índice de obesos e indivíduos com sobrepeso, clínicos gerais e endocrinologistas representam uma barreira para a indicação da cirurgia. “Temos que entender porque os médicos não discutem a Cirurgia Bariátrica com seus pacientes. O referral atrapalha a qualidade de vida, pois havendo a cirurgia, evita-se medicação, prevenindo a recorrência da doença. A Cirurgia Bariátrica deve ser indicada para pacientes quando mais jovens e com menor lesão pancreática.

Perda de peso no pré-operatório

A perda de peso no pré-operatório foi abordada pelo Dr. Luiz Claudio Lopes Chaves, de Belém (PA). Ele disse que as vantagens com o aumento da perda do excesso de peso melhora a correção das comorbidades, independentemente de idade ou sexo. Pedro Cavalcanti de Albuquerque, convidado de Pernambuco, atestou que no SUS (Sistema Único de Saúde), os pacientes são premiados na perda de peso, sendo operados mais rapidamente. “Prioriza-se os pacientes que perdem mais peso no pré-operatório”. O Dr. Álvaro Antônio Bandeira Ferraz, especialista em oncologia, acrescentou que, segundo estudos da UFPE, “a Cirurgia Bariátrica melhora inclusive o tratamento quimioterápico”.

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