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Mulheres CirurgiãsO desafio de desenvolver políticas públicas para combater a obesidade grave entre a população brasileira que é usuária do Sistema Único de Saúde (SUS) e melhorar o financiamento da cirurgia bariátrica, procedimento mais indicado a pacientes que apresentam elevado Índice de Massa Corporal (IMC) envolveu os cirurgiões bariátricos que participaram do XVIII Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica realizado entre os dias 4 e 7 de outubro, em Florianópolis (SC).
Dos mais de 206 milhões de brasileiros, 1,6 milhão (0,8%) apresenta obesidade grave, de acordo com dados apresentados pela cirurgiã bariátrica Galzuinda Maria Figueiredo dos Reis, gestora do SUS em Minas Gerais. Além disso, mais da metade da população está com peso acima do recomendado e 18,9% são considerados obesos.

Do 1,6 milhão de obesos graves, 75%  depende do SUS para o tratamento da obesidade, que hoje ainda apresenta fluxos burocráticos e pouco eficientes para o acesso dessas pessoas à cirurgia bariátrica, agravando o risco de novas comorbidades e complicações futuras. “O grande desafio no SUS é aumentar o número de cirurgias e diminuir as filas de espera, que hoje demoram anos”, comentou Galzuinda.
Outro agravante, segundo a médica, que é titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), é o fato de que a cirurgia videolaparoscópica –implementada no rol de serviços oferecidos pelo SUS no início deste ano – não estar sendo realizada devido à falta de financiamento. “É imprescindível a revisão desses valores para que esse procedimento possa realmente ser realizado”, criticou.

A recomendação da inclusão do procedimento tinha sido feita pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) em relatório de novembro de 2016. Galzuinda destacou que, apesar da liberação, os valores oferecidos pelo Ministério da Saúde para os prestadores de serviços não cobrem os gastos do procedimento.
Enquanto na cirurgia videolaparoscópica são feitas mini-incisões de 0,5 a 1,2 centímetros, por onde passam as cânulas e a câmera de vídeo, na cirurgia aberta – que ainda predomina no SUS –, o médico faz um corte de 10 a 20 cm no abdômen do paciente. A taxa de mortalidade média da cirurgia videolaparoscópica é menor do que a da cirurgia aberta.
Galzuinda destacou ainda que seis estados brasileiros que não tem nenhum serviço de cirurgia bariátrica habilitado. “É essencial facilitar o acesso aos pacientes desses estados”, pontuou.

Por Danielle Blaskievicz

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