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As técnicas cirúrgicas utilizadas atualmente em todo o mundo e os encaminhamentos médicos adotados com cada paciente estão entre os temas que foram debatidos no primeiro dia do 18.º (XVIII) Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), que acontece até o próximo sábado (7), no Centro de Convenções de Florianópolis (SC).

Para o cirurgião bariátrico Camilo Boza, do Chile, que é um dos nomes de referência em cirurgia minimamente invasiva do aparelho digestivo e especialista nas técnicas de gastrectomia vertical e bypass gástrico, os cirurgiões brasileiros ainda exploram pouco a técnica da gastrectomia vertical, também conhecida como “sleeve”.

Cerca de 75% das cirurgias bariátricas realizadas no Brasil são feitas por bypass gástrico, técnica que permite ao paciente perder até 45% do seu peso inicial. O bypass é um procedimento misto, no qual é feito o grampeamento de parte do estômago e um desvio do intestino inicial, que promove o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome.

Formado pela Pontifícia Universidade Católica do Chile, Dr. Boza é especialista em cirurgia de bypass gástrico e concentrou sua atividade profissional nas áreas de Cirurgia para Obesidade, Cirurgia Minimamente Invasiva, Refluxo Gastroesofágico, Hérnia da Parede Abdominal e Câncer Gastroesofágico.

Modalidades

Além do bypass, outras três modalidades diferentes de cirurgia bariátrica e metabólica são aprovadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e autorizadas pelo Ministério da Saúde: a banda gástrica, a gastrectomia vertical e o duodenal switch – que é a associação da gastrectomia vertical com o desvio intestinal.

Durante o Congresso em Florianópolis, Boza destacou a importância de se difundir a gastrectomia vertical entre os cirurgiões, uma vez que é uma técnica que permite uma gama maior de alternativas para o tratamento da obesidade após a cirurgia, principalmente nos casos de pacientes superobesos ou que voltam a ganhar peso depois da cirurgia. “No bypass, quando o paciente ganha peso novamente, após a cirurgia, restam poucas alternativas de tratamento. Já nos pacientes com o sleeve (gastrectomia), há outras opções”, explicou.

Boza ressaltou, no entanto, que a gastrectomia não é recomendada a todos os casos, principalmente aos pacientes que já apresentam refluxo antes mesmo de se submeter ao procedimento. “Pode não ser a melhor técnica para o diabetes, mas talvez seja indicado para começar a tratar o paciente com diabetes”, ponderou.

O cirurgião bariátrico Alcidez José Branco Filho, de Curitiba, comentou que a técnica da gastrectomia vertical é a que mais cresce atualmente em todo o mundo. Ele destaca, no entanto, que apesar de todas as vantagens que apresenta – pelo fato de não interferir na produção hormonal e na absorção de nutrientes do paciente. “Mas há necessidade do cirurgião saber quais as implicações existentes nessa técnica. É fundamental estudar profundamente todos estes aspectos”, comentou.

Mais de 1,5 mil profissionais de saúde estão participando do 18.º Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Além dos cirurgiões bariátricos, profissionais de outras especialidades médicas como psiquiatras, nutrólogos e geriatras estão presentes no evento, que reúne pessoas de toda a América Latina. As equipes multidisciplinares – as Coesas – estão representadas pelos profissionais de nutrição, atividade física, fisioterapia e psicologia.

Por Danielle Blaskievicz

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