Apenas 1% da população com indicação de realizar a Cirurgia Bariátrica e Metabólica passa pelo procedimento. O número de pessoas que seriam beneficiadas por ela no Brasil chega a 8.239.871 (2023), de acordo com o SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional) – sistema de informações que tem como objetivo principal promover informação contínua sobre as condições nutricionais da população e os fatores que as influenciam.
O “Estigma da Obesidade e da Cirurgia Bariátrica e Metabólica” foi tema de debate no Congresso, nesta sexta-feira (25). Segundo o cirurgião Tiago Onzi (SC), a população brasileira com obesidade vai aumentar ao longo dos próximos anos. “Culturalmente a obesidade não é entendida como doença no mundo inteiro, essa definição não é estabelecida entre a população e é um trabalho realizado pelas sociedades, através de reportagens em veículos de imprensa e programas voltados para o paciente”, afirmou.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), além de disponibilizar informações através das mídias sociais e atuar em conjunto com a imprensa para a produção de reportagens relacionadas à obesidade e seu tratamento, conta com os programas: TV Bariátrica, Barilive, AppBarilife, o podcast Baricast e, neste ano, realizou o I Encontro Nacional de Pacientes.
“Por que culturalmente é socialmente ‘permitido’ fazer uma cirurgia de prótese de quadril ou cirurgia cardíaca, mas não se deve fazer uma bariátrica? Por que esse paciente é questionado por amigos e familiares?”, questionou Onzi.
A cirurgiã Clarissa Guedes Noronha (PE) apresentou a palestra “Etiqueta no Tratamento da Obesidade” e ressaltou que a doença não é culpa ou falta de esforço do paciente. “Estamos falando de uma condição crônica e complexa, que ninguém resolve sozinho e com diversas causas. Nós precisamos estimular o paciente, com orientações respeitosas e dar autonomia para que ele tome decisões importantes para o próprio tratamento”.
Ao todo, segundo o SISVAN, 5.110.691 milhões foram diagnosticadas com obesidade grau 1, ou 20.62% do de pessoas avaliadas, já a população com obesidade grau 2 totalizou 2.041.747 milhões de pessoas (8.24%) e outras 1.087.433 de pessoas com obesidade grau 3 (grave), representando 4.39% da população avaliada no ano passado.
Alvaro Ferraz, cirurgião de pernambuco, ressaltou que é importante diagnosticar o paciente de forma correta. “Não pode-se apenas tratar as doenças associadas e dizer ao paciente que ele é, por exemplo, hipertenso. Se ele tem obesidade, isso precisa ser diagnosticado. Importante também estarmos atentos aos termos que utilizamos em consultório e em artigos científicos ‘paciente com obesidade’ é o correto”.
Também apresentou palestra nesta mesa a cirurgiã Carina Fernandes Barbosa (SP). Como moderadora esteve presente a cirurgiã Marta Cristina Lima (SP) e entre os debatedores estavam presentes a psicóloga Michele Pereira da Silva (DF), o cirurgião Marcelo Protassio, a cirurgiã Carolina Trancoso de Almeida (MG) e o cirurgião Ivan Sandoval (SP).