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A saúde física foi tema de debate na manhã desta quarta-feira (23), na sala Coco de Rodas, no XXIV Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, que acontece no Centro de Convenções João Pessoa, na cidade de João Pessoa (PB). 

Os problemas respiratórios associados à obesidade, como é o caso da apnéia do sono e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), estiveram entre os assuntos abordados. Segundo a fisioterapeuta Andreia Cavalcanti (RJ), essas alterações exigem uma intervenção pré-operatória nos pacientes com indicação da Cirurgia Bariátrica e Metabólica para o tratamento da obesidade e de doenças associadas, com o objetivo de garantir um pós mais tranquilo.  

“A apneia do sono é um problema que aparece em até 60% dos pacientes com obesidade, dependendo do índice de massa corpórea (IMC), e a DPOC é observada em aproximadamente 20% deste grupo. A avaliação adequada feita por um fisioterapeuta respiratório faz toda a diferença no cuidado. Entre as técnicas que utilizamos estão a educação do paciente, técnicas respiratórias, treinamento muscular respiratório, fortalecimento muscular e terapia ventilatória, este último em pacientes com indicações específicas”, afirmou. 

Oito milhões de pessoas teriam indicação de cirurgia bariátrica no Brasil no ano de 2023, de acordo com o SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional) – sistema de informações que tem como objetivo principal promover informação contínua sobre as condições nutricionais da população e os fatores que as influenciam. 

A qualidade do sono – que é afetada diretamente pela apneia – é um fator importante para o bem-estar e a saúde mental, além de ser essencial para a memória. De acordo com a fisioterapeuta Roseane Caldeira (MG), a doença é extremamente prevalente na população e acontece devido à compressão das vias aéreas. 

“Ela também pode ser causada pelo acúmulo de gordura no pescoço, sabemos que a cada 10% de aumento de gordura aumenta-se em seis por cento o risco de desenvolver a apneia e, apesar disso, a doença é muito subdiagnosticada nos pacientes com obesidade”, afirmou Roseane. 

Ao todo, segundo o SISVAN, 5.110.691 milhões foram diagnosticadas com obesidade grau 1, ou 20.62% do de pessoas avaliadas, já a população com obesidade grau 2 totalizou  2.041.747 milhões de pessoas (8.24%) e outras 1.087.433 de pessoas com obesidade grau 3 (grave), representando  4.39% da população avaliada no ano passado.

A também fisioterapeuta Arieli Baretta (PR) abordou o protocolo ERAS (Enhanced Recovery After Surgery) que ressalta a necessidade de avaliação e educação do paciente no pré-operatório. 

“A asma decorrente da obesidade aumenta 50% em pacientes que já são portadores de doenças pulmonares e, por isso, exigem uma série de medidas que devem ser adotadas de forma individualizada de acordo com a avaliação de cada um dos pacientes. Uma das orientações mais comuns e extremamente importantes é parar de fumar 4 semanas antes da cirurgia ou, pelo menos, a redução de 50% do hábito com cessão completa 24 horas antes do procedimento”. 

ATIVIDADE FÍSICA – O exercício físico é um hábito fundamental para o controle e a manutenção do peso. O educador físico Carlos Merege (SP) ressaltou que a atividade também contribui para o bom funcionamento cerebral. “O comportamento alimentar é influenciado por atividades cerebrais. Estudos já demonstram que o exercício físico consegue regular as atividades do cérebro envolvidas com a fome e a sensação de saciedade, o que ajuda no controle da fome e, consequentemente, do peso”. 

A prática regular de atividades físicas é recomendada para os pacientes com obesidade no pré e no pós-operatório e faz parte das mudanças de hábitos de vida necessárias para o controle da doença. Contribui para a redução do risco da cirurgia e também auxilia na recuperação precoce e resultados duradouros. 

Segundo o Paulo Roberto Carvalho (PE), educador físico, é necessário que as indicações para o paciente sejam feitas de forma adequada. “O exercício precisa de aquecimento, treinamento de força, aeróbico e alongamento. A estratégia para montar o treino também vai depender do momento do paciente, se está no pré ou no pós operatório e em cada um dos objetivos desta etapa, sendo avaliado o volume, a intensidade, a frequência e o modo (tipo de atividade física) destes treinamentos. É importante sempre tratar a individualidade do paciente e escolher uma atividade que ele gosta”, ressaltou. 

Também foram convidados para este debate os palestrantes Alessandra Gomes, Andrea dos Santos, Monise Alexandra e Cynthia Meira. 

XXIV Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica – O evento acontece entre esta quarta (23) e a próxima sexta-feira (25), no Centro de Convenções João Pessoa, na cidade de João Pessoa (PB). São esperados 1.800 participantes nos três dias de evento, entre cirurgiões e membros da COESAS Comissão de Especialidades Associadas (COESAS).

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