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A obesidade deverá gerar ao Brasil um impacto econômico de mais de U$75 milhões até o ano de 2035, sendo U$19 milhões apenas com assistência médica em saúde, na próxima década. A estimativa leva em consideração não só o excesso de peso, mas o custo de consequências como a hipertensão, diabetes e outras comorbidades. Os dados foram divulgados nesta semana pela Federação Internacional de Obesidade

O Atlas Mundial da Obesidade de 2023,, aponta que mais de 50% da população mundial estará com sobrepeso ou obesidade em 2035. O número é preocupante e pode gerar um impacto econômico de US$4,32 trilhões ao ano se não houver mudanças significativas na prevenção e no tratamento.

No Brasil, a estimativa é que até 41% dos adultos estejam com obesidade no mesmo período.

Dados internos do Brasil
Dados do Ministério da Saúde, obtidos em um levantamento inédito pela SBCBM apontam que a obesidade atinge 6,7 milhões de pessoas no Brasil. O número de pessoas com obesidade mórbida ou índice de massa corporal (IMC) grau III, acima de 40 kg/m², atingiu 863.086 pessoas no ano passado. As informações públicas estão sendo divulgadas pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) no dia – 4 de março – data alusiva e que marca a importância do combate à obesidade entre adultos e crianças.

Em 2019, 407.589 pessoas foram diagnosticadas com obesidade grau III, o que representava 3,14% das pessoas monitoradas. Já em 2022, o número subiu para 863.083 brasileiros diagnosticados com o mais grave nível de obesidade, totalizando 4,07% da população. Esse ponto percentual representa um crescimento de 29,6% em apenas 4 anos.

A obesidade grau I atinge 20% e a obesidade grau II já é 7,7% da população, o que representa 1,6 milhões de pessoas em 2022. Já o sobrepeso atinge atualmente 31% ou 6,72 milhões dos brasileiros que participaram da tabulação do SISVAN.

Ao todo, 21,2 milhões de brasileiros participaram da tabulação do sistema de vigilância alimentar e nutricional, provenientes do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). A pesquisa – realizada por abrangência, região de cobertura, fase da vida, sexo, raça/cor, origem do registro, entre outras – está disponível por município, região e regional de saúde, para todo o Brasil.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica(SBCBM), Antônio Carlos Valezi, diz que o Brasil é hoje um dos países com a mais alta taxa de pessoas com obesidade no mundo. No entanto, com a pandemia o quadro se agravou.

“Ano após ano, os índices de obesidade vêm aumentando em todo o mundo. Nos últimos anos, principalmente após a pandemia, os pacientes têm enfrentado o agravamento de suas doenças enquanto aguardam pelo procedimento”, destaca Valezi.

Queda nas cirurgias bariátricas
Segundo levantamento da SBCBM, entre 2017 e 2022, o Brasil realizou 315.720 mil cirurgias bariátricas, sendo 252.929 cirurgias, segundo dados da Agência Nacional de Saúde (ANS – até 2021), através dos planos de saúde; 16.000 feitas de forma particular; e 46.791 (incluindo 2022) procedimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“O número, no entanto, não representa 1% dos pacientes portadores de obesidade que possuem indicação cirúrgica para o tratamento da doença no país”, reforça Valezi.

O Brasil conta atualmente com 7.700 hospitais, em 5.568 municípios brasileiros. Destes, apenas 98 serviços realizam a cirurgia bariátrica e metabólica, sendo que quatro estados brasileiros não oferecem o procedimento. Atualmente Amazonas, Rondônia, Roraima e Amapá não possuem serviços habilitados no SUS para bariátrica.

Obesidade é o excesso de peso pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. A obesidade é classificada utilizando o índice de massa corporal (IMC), que é a relação entre o peso corporal e a estatura. Considera-se sobrepeso quando está acima de 25 Kg/m2 e obesidade se o IMC for maior ou igual a 30 Kg/m2. A classificação da obesidade é feita da seguinte forma: Grau I: IMC entre 30 e 34,9; Grau II: IMC entre 35 e 39,9 e Grau III: (obesidade mórbida): IMC acima de 40.

Critérios para indicação da cirurgia bariátrica

No Brasil, a cirurgia bariátrica pode ser indicada quando os pacientes atendem a critérios de peso, idade e/ou doenças associadas. Estão aptos os pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 kg/m², independentemente da presença de comorbidades; IMC entre 35 e 40 kg/m² na presença de comorbidades como pressão alta, diabetes tipo 2, dislipidemia grave, apneia do sono, problemas articulares ou hérnia de disco por exemplo.

A idade também é fator a ser analisado. Pacientes entre 18 e 65 anos não têm restrição. Acima de 65 anos, o paciente pode ser operado, porém deve passar por uma avaliação individual . Em pacientes entre 16 e o 18 anos, o Consenso Bariátrico recomenda que a operação deve ser consentida pela família ou responsável legal e estes devem acompanhar o paciente no período de recuperação. Em menores de 16 anos apenas em situações bastante específicas.

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