Notícias Imprensa

depressao 1 Na data em que é comemorado o Dia Mundial da Saúde, 7 de abril, a Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou uma campanha que chama a atenção para o tratamento e a prevenção da depressão, doença que afeta cerca de 350 milhões de pessoas no mundo todo.

Tendo em vista que a depressão e a obesidade são doenças que também caminham juntas, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) recomenda a avaliação pré-operatória e o acompanhamento psicológico ou psiquiátrico de todos os pacientes com indicação da cirurgia para redução de peso.

“O diagnóstico, a avaliação e acompanhamento psicológico do paciente são fundamentais para o tratamento da obesidade”, informa o presidente da SBCBM, Caetano Marchesini.

Recentemente o Conselho Federal de Medicina (CFM) ampliou o número de comorbidades para indicação de cirurgia bariátrica e incluiu a depressão como uma delas. A depressão e a obesidade são considerados problemas de saúde desafiadores no mundo todo.

Cenário – Em artigo publicado no site americano Obesity Action, especialistas da área de política para saúde dos Estados Unidos, relatam o desafio entre a obesidade e a depressão, já que 10% da população dos EUA exibe pelo menos alguns sintomas de depressão e dois terços têm excesso de peso ou obesidade.

No Brasil o cenário não é diferente, o país registra um aumento nos índices de obesidade e sobrepeso. O último relatório sobre segurança alimentar na América Latina, realizado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), a obesidade passou de 17,8% da população adulta em 2010 para 20% em 2014.

“É importante ressaltar, que tanto a obesidade quanto a depressão podem resultar no isolamento do paciente. Pessoas obesas, muitas vezes se isolam ou se sentem excluídos do convívio social, assim como quem sofre de depressão”, ressalta do Dr. Caetano Marchesini.

De acordo com um estudo publicado recentemente no Journal of the American Medical Association, um quarto dos candidatos à cirurgia bariátrica apresentam algum distúrbio mental. Os dados foram coletados por meio de uma revisão 68 artigos científicos e mostram que a incidência da depressão e da compulsão alimentar em obesos é duas vezes maior do que na população em geral.  “Isso comprova a importância do acompanhamento psicológico de candidatos a cirurgia bariátrica, assim como das pessoas que já se submeteram ao tratamento cirúrgico da obesidade”, reforça o Dr. Caetano Marchesini.

Cirurgia pode resultar na remissão da depressão – No entanto, a boa notícia é que, ainda de acordo com o estudo, estes distúrbios mentais não impedem que os pacientes tenham uma perda de peso significativa. Apesar de estarem em uma condição psicológica desfavorável, o desempenho dos pacientes com estes quadros costuma ser satisfatório. Parte deste fato pode ser explicado justamente pelo apoio psicológico ou psiquiátrico recebido durante o pré e o pós-operatório.

Outro destaque do estudo é a redução dos casos de depressão entre pacientes submetidos aos procedimentos bariátricos.

O médico psiquiatra e membro da Comissão de Saúde Mental da COESAS (Comissão de Especialidades Associadas à SBCBM), Dr. Hélio Tonelli, explica que existem diferentes tipos de depressão, sendo um deles diretamente relacionado à obesidade.

“Este tipo de depressão está relacionado a processos inflamatórios sistêmicos no organismo, inclusive no cérebro, e que levam ao aumento de peso. Com diagnóstico e tratamento adequado, ao emagrecer, acontece uma remissão da depressão no paciente tratado”, explica Hélio Tonelli.

Mas também existem, segundo o médico psiquiatra, casos de pessoas obesas com outro tipo de depressão, o que decorre de uma tendência genética. “Neste caso, a pessoa precisa, primeiramente tratar a depressão para depois fazer a cirurgia. O tratamento psicológico e psiquiátrico irá contribuir para que a nova condição clínica do paciente operado não piore o quadro de depressão”, reforçou Tonelli.

Estudos – Dezenas de estudos vem sendo realizados no mundo na tentativa de explicar a coexistência entre depressão e obesidade. Um estudo de 2009 (Beydoun et al.), publicado no Jornal Oficial da Sociedade Internacional de Transtornos Afetivos dos Estados Unidos (Journal of Affective Disorders de NHANES), analisou associações entre depressão, IMC, atividade física e ingestão calórica. Os pesquisadores descobriram que a presença de depressão em mulheres estava ligada a maior IMC e reduzida prática de atividade física. Além disso, modelos de equações especiais levaram os autores a concluírem que em ambos os sexos a principal via de ligação do Transtorno Depressivo Maior (MDD) estava relacionada ao menor nível de atividade física. Outro estudo, conduzido pela Dra. Floriana S. Lupino, da Universidade de Leiden, na Holanda, juntamente com outros cientistas, concluiu que o sobrepeso e obesidade podem levar a uma baixa autoestima o que potencializa o risco de depressão além de servir de combustível à doença. Segundo a pesquisa, pessoas obesas têm 55% de chances de desenvolverem um quadro depressivo e a obesidade é um risco para 58% dos pacientes vítimas de depressão.

 

To top