O Barilive desta terça-feira (11) reuniu três dos mais renomados cirurgiões bariátricos do Brasil para falar sobre o avanço no procedimento.
O último Barilive de 2018 trouxe dois dos fundadores da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), o presidente honorário da SBCBM, cirurgião e professor Arthur Garrido Junior e o professor e ex-presidente da SBCBM, João Batista Marchesini. Como mediador o Barilive desta semana trouxe outro ex-presidente o cirurgião, Thomas Szego, um dos precursores em cirurgia bariátrica por laparoscopia na América do Sul.
Com o tema “os avanços em cirurgia bariátrica” eles abordaram o início da cirurgia no Brasil, a diferença entre as técnicas existentes, a evolução e o aperfeiçoamento da cirurgia no tratamento da obesidade, cirurgia robótica, metabólica, entre outros temas. O vídeo completo pode ser visto no Facebook da SBCBM e YouTube.
As primeiras cirurgias bariátricas do Brasil foram feitas em São Paulo. “Era muito difícil operar, cirurgia aberta, com instrumentos difíceis de se conseguir no Brasil, em uma época que não se podia importar nada”, afirmou Garrido. “Com a ajuda de Thomas Szego, descobri um congresso que era feito nos Estados Unidos, apenas sobre bariátrica. Consegui apoio financeiro e fui à esse congresso. A partir daí foi mais fácil seguir o caminho dos que tinham mais experiência”, explicou.
Para ajudar a disseminar a prática e aumentar a credibilidade da operação, Marchesini aprendeu a técnica e começou a operar em Curitiba. “Em 1994 o doutor Garrido me procurou para uma conversa em particular. Ele me disse que começou a fazer a operação em São Paulo e estava tendo uma resistência enorme. Ele me chamou para fazer [a cirurgia] em Curitiba. Eu disse que faria, junto com ele”, contou Marchesini. A primeira operação na capital paranaense ocorreu em outubro de 1994. “De início foi muito difícil porque nossos colegas achavam que era impossível operar obesos”, relatou.
Videolaparoscopia
“Quanto menos as pessoas conhecem mais elas se opõem. Nós tivemos a mesma experiência na laparoscopia”, contou Thomas Szego, o precursor da técnica no país.
Os dois cirurgiões, Szego e Garrido, juntaram as experiências em bariátrica e videolaparoscopia para aplicar a técnica em vídeo na cirurgia para obesos. “Fomos juntos aos Estados Unidos para aprender e achamos formidável. Eles demoravam menos de uma hora para fazer uma bariátrica”, lembrou Garrido
O início do procedimento foi complicado para os profissionais. “Quando voltamos operamos experimentalmente e ‘rapidamente’, em 7 horas, conseguimos terminar a primeira operação. O início foi penoso, até conseguir baixar esse tempo para 3 horas levou 500 cirurgias. Não tinha ninguém para nos ajudar, tivemos que passar pela curva do conhecimento”, disse Szego.
Marquesini lembrou que na época o procedimento convencional era a cirurgia aberta e, hoje, os cirurgiões tratam a laparoscopia como tal. “Nossa proposta em Curitiba foi fazer a cirurgia por vídeo igual fazíamos aberta, também começamos com cinco, seis horas, demorou até baixar o tempo por uma hora”.
Obesidade é uma doença crônica
Os cirurgiões falaram sobre a recidiva de peso em cirurgia bariátrica. “Todas constituem instrumentos para facilitar ao paciente conseguir reduzir peso e se manter. Não basta operar, é necessário ser operado, acompanhado e procurar utilizar a operação da melhor forma em seu benefício”, explicou Garrido.
Para Marquesini, todas as novas técnicas – com resultados – representam avanços para auxiliar o paciente na manutenção do peso. “O Sleeve surgiu de uma cirurgia que não pôde ser completada e funcionou como uma cirurgia inteira. Ela simplificou a necessidade da laparoscopia e da sutura laparoscópica”, afirmou. “Eu acredito que em 20 anos depois, o resultado vai ser diferente”. .
Cirurgia robótica
Para os entrevistados do Barilive a cirurgia robótica surge para auxiliar o cirurgião.
Para Marquesini, não existe uma conscientização do paciente sobre o que é a cirurgia com robô. “O paciente que tem um bom cirurgião tem o mesmo resultado clínico. Facilita para o cirurgião a visão, a estabilidade. Com os avanços de inteligência artificial, identificação de estruturas através de metodologias de imagem, eu acredito que vá fazer muita diferença no futuro”, disse.
Szego explicou: “Nada mais é do que uma laparoscopia, em que cirurgião, ao invés de segurar a pinça, vai ter entre ele a pinça um robô que facilita alguns movimentos, mas que não traz grandes vantagens”.
Todos os cirurgiões concordam que devem se preparar para as operações com robô no futuro. “A facilidade de visão tridimensional e a precisão maior de alguns movimentos; a comodidade para o cirurgião que, às vezes, faz cinco ou seis procedimentos no mesmo dia. Pela laparoscopia pode ficar um pouco exausto e prejudicar a qualidade da sua técnica. Nesse sentido acho que o robô já trouxe mais conforto e precisão. Não é algo fundamental. Se o cirurgião é excelente em laparoscopia, vai acrescentar pouco, mas se tiver começando com a robótica, vai ter mais vantagens”, avaliou Garrido.
Para pacientes super obesos ou já operados a técnica já é considerada um benefício por Garrido. “A técnica é mais vantajosa para a operação de super obesos e realização de cirurgias em pacientes já operados. Quando a gente tem que desfazer uma fundoplicatura e fazer um bypass ou sleeve: desfazer essa sutura pode fazer pequenas lesões na parede, que podem causar fístula”.
Este foi o último Barilive do ano, que fechou as edições do programa com chave de ouro, reunindo os três precursores da bariátrica no país e fundadores da SBCBM. O programa retorna em janeiro, com transmissões ao vivo pelo Facebook, sempre às terças-feiras, às 20 horas.