No primeiro dia do XIX Congresso de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, realizado nesta quarta-feira (06) em Fortaleza, membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) e da American Society for Metabolic and Bariatric Surgery (ASMBS) discutiram os novos caminhos e futuras parcerias em projetos de interesse comum, durante simpósio integrado.
“Nossa sociedade também enfrenta os mesmos desafios. Buscamos um melhor relacionamento com as especialidades associadas, como, por exemplo, a cardiologia e a endocrinologia. E estamos avançando. Temos tentado estimular os médicos especialistas a nos enviar seus pacientes mais cedo, convencendo-os de que a cirurgia é eficaz. Nós enfatizamos a importância da participação desses profissionais tanto no processo da cirurgia, quanto no acompanhamento pós-operatório”, aponta Samer Mattar, presidente da ASMBS.
A abertura do simpósio foi conduzida pelo presidente da SBCBM, Caetano Marchesini, que destacou o atual cenário da Sociedade, seus objetivos em relação à comunidade médica, as estratégias que visam aproximar e interligar os interesses de seus membros, bem como os métodos utilizados para fornecer uma melhor comunicação entre médicos e pacientes. “É importante que os cirurgiões bariátricos se sintam apoiados e representados pela SBCBM. Em média, 50% dos pacientes desistem de fazer a cirurgia bariátrica por medo ou por falta de esclarecimento sobre os procedimentos. Nesse contexto, não temos medido esforços para tornar as informações sobre a cirurgia mais esclarecedoras ao paciente e reduzir essa marca”, explica.
O primeiro módulo do simpósio, “Os padrões da cirurgia bariátrica e metabólica”, foi mediado pelos médicos Almino Ramos (BR) e Natan Zundel (USA), que destacaram, entre outros fatores, a importância de estabelecer uma maior conexão entre todas as sociedades do mundo, principalmente, entre aquelas que tratam a obesidade e suas doenças associadas. “Eu diria que a cirurgia é apenas um componente de todo o processo de perda de peso e nessa batalha para controlar todas as doenças que a obesidade acarreta. Se o paciente não estiver preparado previamente e não fizer o acompanhamento necessário depois da cirurgia, o resultado final estará comprometido. A cirurgia representa apenas 20% a 30% de todo o processo de perda de peso. Para se obter o resultado esperado é necessário uma equipe multidisciplinar composta de profissionais capacitados, que farão o acompanhamento destes pacientes por toda a vida. O que nós fazemos é bom, ajuda muita gente, mas os pacientes precisam entender que suas vidas mudarão. Se o paciente pensar que é uma mudança de comportamento temporária, a cirurgia nunca vai funcionar”, ressalta Zundel.
O presidente da ASMBS, Samer Mattar, foi enfático ao apontar que um dos maiores objetivos da sociedade norte americana é os pacientes que necessitam fazer a cirurgia bariátrica a procurarem ajuda médica, evitando maiores danos à saúde, no longo prazo. “Como disse Caetano Marchesini, temos que pensar grande, para podermos chegar ao nosso objetivo. Queremos trabalhar cada vez mais com médicos que não são bariátricos, para que eles possam oferecer apoio aos pacientes de forma ampla, melhorando os resultados da cirurgia, como, por exemplo, o índice de mortalidade, que já é baixíssimo”, reafirma Mattar (USA).
O simpósio contou, ainda, com palestras e mesas redondas entre os médicos Eric DeMaria (USA), Silvia Farias (BR), Alex Escalona (Chile), Fábio Almeida (BR), Mathias Fobi (USA), Arthur Garrido (BR), Luis Vicente Berti (BR), Carel Le Roux (Irlanda), Philip Schauer (USA), Ricardo Cohen (BR), Luciana El Kadre (BR), Francisco Hora (BR), Fábio Marinho (BR), Eduardo Fernandes (BR) e Mathew Hutter (USA) – o futuro presidente da ASMBS.