A importância da saúde mental no pós-operatório foi a pauta do Barilive de terça-feira (17). O debate foi mediado pelo cirurgião bariátrico, Tiago Szego, e teve como convidados a psicóloga Cristina Freire e o psiquiatra Adriano Segal. O debate, ao vivo pelo Facebook da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), contou com a participação do público que enviou perguntas para a equipe médica e que atua na saúde mental pré e pós-cirurgia bariátrica.
Entre os temas abordados, os especialistas discutiram sobre a ansiedade, depressão, compulsões alimentares, bebidas alcoólicas e o problema de autoimagem após a cirurgia.
Logo no início da conversa, Dr. Szego, mediador do debate, questionou sobre a importância do acompanhamento pós-operatório. De acordo com a psicóloga Cristina Freire, especialista em psicossomática e doutoranda em endocrinologia, a evasão de pacientes dos consultórios de psicólogos e psiquiatras após a cirurgia é comum e isso pode atrapalhar o tratamento contra a obesidade a longo prazo. “Os pacientes estão preocupados com a carta [o laudo] e o seguimento no pós-operatório é escasso. O ideal seria acompanhar esses pacientes para prevenir e avaliar os possíveis problemas psicológicos que podem enfrentar”, aponta Cristina.
A equipe multidisciplinar é fundamental para o sucesso do tratamento contra a obesidade, mas os pacientes costumam ter preconceito em manter acompanhamento com psiquiatras. “São trabalhos complementares. Eles têm que vir em paralelo. O que o psiquiatra clínico vai olhar e o que o psicólogo bariátrico vai analisar são coisas diferentes. O problema é que isso encarece o tratamento e não é atrativo para o paciente”, afirma o psiquiatra Adriano Segal, presidente do Núcleo de Saúde Mental da SBCBM (COESAS) e coordenador de psiquiatria do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
“Quando a gente indica um psiquiatra, eles não gostam de ouvir isso. É importante quebrar esse tabu para podermos trabalhar como aliados”, aponta a Cristina. No mesmo sentido, Szego lembra da importância de tratar a mente, além do corpo.
Depressão pós-cirurgia?
Os especialistas também discutiram sobre casos de depressão e o trabalho sobre as expectativas de cada paciente com o próprio corpo após a cirurgia bariátrica.
“Eu tenho pacientes que acompanho há 10 anos e que têm depressão por motivos diversos que acontecem na vida de qualquer pessoa. A gente não pode culpar a cirurgia por conta disso”, aponta Cristina.
O psiquiatra Adriano Segal faz uma relação da depressão com a idade em que o quadro costuma surgir. “Os quadros depressivos costumam aparecer a partir dos 30 anos de idade. Idade que os pacientes costumam estar operando. Então aparece o quadro de depressão após a cirurgia e pode não ter relação nenhuma. Dificilmente a cirurgia vai causar um quadro psiquiátrico”, garante Segal.
Interação
Internautas aproveitaram o Barilive para tirar dúvidas com os especialistas. Entre as questões que foram lidas pelo Dr. Szego surgiram dúvidas relacionadas ao consumo de bebidas alcoólicas após a cirurgia. Segundo o psiquiatra Adriano Segal, a orientação é não consumir álcool após a cirurgia.
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) é bem clara em dizer que não existe dose segura de álcool. É bastante complexo e a gente não tem como prever. A orientação é não beber depois de operado”, afirma Segal.
Ainda sobre alcoolismo, Dr. Szego aproveitou para chamar a atenção sobre as mudanças na absorção de álcool no corpo de pacientes operados. De acordo com o cirurgião, o impacto de bebidas alcoólicas é maior após a bariátrica.
Na próxima semana
Na próxima terça-feira (24), a partir das 20 horas, o Barilive terá como tema a “Abordagem nutricional na recidiva de peso”. A transmissão é ao vivo na página da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) no Facebook.