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Marco LeaoA cirurgia bariátrica em adolescentes foi tema de debate, nesta quinta-feira (06), durante o XVIII Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica que acontece até o próximo sábado (7) em Florianópolis (SC) e que reúne mais de 1,5 mil profissionais de saúde de toda a América Latina. Além das questões legais e técnicas envolvidas no tratamento cirúrgico de pacientes com obesidade grave ainda na adolescência, os profissionais abordaram as questões éticas e sociais que afetam esse público.

O cirurgião bariátrico Orlando Pereira Faria, do Distrito Federal, apresentou dados internacionais que mostram a existência de 43 milhões de crianças menores de 5 anos obesas em todo o mundo. Faria também falou sobre os critérios que devem ser seguidos no Brasil para atender a esse público.

Entre os critérios que permitem a realização de cirurgia bariátrica no Brasil – em adolescentes com idade entre 16 e 18 anos – estão o índice de massa corporal (IMC) superior a 35 e a existência doenças associadas à obesidade. Além disso, desde o início de 2016, o CFM exige a  indicação de um pediatra, comprovando que outros tratamentos anteriores foram  ineficazes, além de exame comprovando consolidação do crescimento ósseo do paciente.

Segundo Faria, há um número crescente de adolescentes que chegam aos consultórios para fazer cirurgia bariátrica, alternativa que deve ser usada de forma racional.

Psicopatologias

O diretor médico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica é reconhecido no Brasil pelos seus resultados positivos de cirurgia em adolescentes. Ele defende a cirurgia bariátrica para jovens com obesidade grave para evitar o desenvolvimento de doenças associadas à obesidade, mas também para evitar problemas de caráter psicossocial, como depressão, baixa autoestima, bullying, entre outras.

“A prevalência de psicopatologias entre os adolescentes obesos é elevada. Nessa fase da vida, a comorbidade social é muito mais grave do que outras doenças. E, quanto mais tarde esse paciente for tratado, maior o número de problemas de saúde que ele terá”, enfatizou o médico, que já realizou mais de 3 mil cirurgias bariátricas, das quais cerca de 70 em pacientes adolescentes. Para o Dr. Marcos Leão, um dos pontos chave da cirurgia nesse grupo tão jovem é a necessidade de um acompanhamento mais próximo e contínuo.

“Devido a essa peculiaridade e à adoção de estratégias específicas, conseguimos através de um estudo de longo prazo (10 a 15 anos), realizado entre 71 adolescente entre 14 e 19 anos, comprovar a eficácia e segurança da cirurgia nesta faixa etária. A melhoria na qualidade de vida e a reintegração psicossocial é o que mais me entusiasma a operar esses jovens”, diz o médico.

A psicóloga Marcela Abreu, que trabalha com pacientes bariátricos no Distrito Federal, apresentou o perfil do adolescente com obesidade grave, reforçando o quadro de suscetibilidade à depressão e aos transtornos alimentares: “São pessoas estigmatizadas, com baixa autoestima e que se sentem culpadas (pelo excesso de peso)”, analisou.

Segundo a cirurgiã bariátrica Galzuinda Maria Figueiredo dos Reis, de Minas Gerais, o paciente adolescente com obesidade grave necessita de um amplo acompanhamento multidisciplinar e, na opinião dela, a atual normativa do Conselho Federal de Medicina sobre a realização de cirurgia bariátrica nesse público precisa ser revista. “Há casos gravíssimos com idade inferior a 16 anos. Mas é uma área ainda muito complexa, o número de pacientes ainda é pequeno e seriam necessários centros de referência para acompanhar esses pacientes”, ponderou.

Por Danielle Blaskievicks

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