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superobesosPacientes que apresentam grau de superobesidade representam uma série e desafios para médicos e cirurgiões. Desde a primeira consulta, até o acompanhamento pós-operatório, os cuidados especiais que estes pacientes demandam – e as técnicas que estão sendo utilizadas para aperfeiçoar os procedimentos e os resultados obtidos – foram temas debatidos durante a sessão sobre superobesos, realizada nesta sexta (06), no XVIII Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, em Florianópolis (SC), realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).

Os superobesos são pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 50. Há também a categoria dos super superobesos, com índice superior a 60. O doutor Samir Mattar, presidente eleito da Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica, abriu o painel destacando os cuidados que os médicos precisam ter com este perfil de paciente: “os superobesos carregam além de um alto fator preditivo de mortalidade um maior risco de sofrer abuso físico ou sexual, dependência alimentar e de abuso de outras substâncias”. Ele recomenda que, nestes casos, o paciente comece a perder peso desde a primeira consulta: “notamos que uma perda de 7,2% do total do peso antes da cirurgia pode resultar, após 12 meses, em uma perda de até 74% do peso anterior. E quem acaba ganhando peso no período pré-operatório terá mais dificuldade para emagrecer depois do procedimento”.

Outra opção é sugerir ao paciente uma dieta com baixos níveis de carboidrato duas semanas antes da cirurgia, o que resulta em média numa redução de 800 calorias por dia e até 5kg a menos. O dr. Mattar destacou também a relação de atividades físicas neste esforço de redução de peso antes da cirurgia. Ele apresentou um estudo feito em Porto Alegre com 66 pacientes, divididos em três grupos – o grupo que fez exercícios duas vezes por semana ao longo de quatro meses apresentou, após a cirurgia, uma perda de peso significativamente maior do que o grupo que não se exercitou.

Pioneiro no uso de cirurgia em dois tempos para superobesos, o doutor Michel Gagner detalhou os resultados obtidos a partir de diferentes técnicas operatórias em superobesos e quais os casos necessários para fazer o procedimento em duas etapas. Com mais de 370 artigos e nove livros publicados, Gagner afirma que a cirurgia em dois tempos deve ser considerada especialmente no caso de pacientes com idade mais avançada, para homens com IMC acima de 55 e mulheres com IMC superior a 60: “a probabilidade de reações adversas cresce muito em pacientes com massa corporal acima de 55. E em níveis superiores o risco aumento de maneira exponencial. Isto deixa claro qual é o perfil de casos em que deve ser adotado o procedimento em dois tempos”.

Na comparação entre técnicas de operação, estudo apresentado pelo dr. Gagner mostrou que, após 30 dias, 8% dos pacientes que fizeram cirurgia sleeve apresentaram alguma complicação, enquanto este volume chegou a 12% nos casos de bypass gástrico. Os índices de sangramento foram quase idênticos, mas houve o dobro de vazamento nas cirurgias de bypass. “É preciso, portanto, evitar a todo custo problemas como sangramento e vazamento durante a cirurgia. Quando isso ocorre, há um aumento dramático de ocorrências como abcessos, úlceras marginais e complicações cardiovasculares – e isso pode também prejudicar o paciente anos depois da cirurgia, levando a casos de diabetes, hipertensão e perda insuficiente de peso”, destaca Gagner.

Cirurgias robóticas: vantagens e recomendações

No Brasil, a experiência em geral é de uso de tratamento clínico como forma de perder peso, afirmou o dr. Josemberg Martins Campos, cirurgião e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Segundo ele, técnicas como o uso de balão gástrico costumaM ser restrito a pacientes com IMC acima de 60, em função de riscos que podem ocorrer durante a cirurgia, além de dificuldades logísticas e aumento de custos: “No trans-operatório, pode ocorrer a abertura dos grampos em função do aumento de espessura do fígado, além do risco de fístula”. Para pacientes com IMC acima de 50, ele recomenda a utilização de cirurgia robótica, tema que também foi destaque no Congresso nesta sexta-feira.

O doutor Luiz Alfredo Vieira D’Almeida, cirurgião no hospital Samaritano, do Rio de Janeiro, afirma que a cirurgia robótica ajuda a superar desafios operacionais na forma minimamente invasiva e facilita um resultado mais previsível e seguro. “Os resultados que alcançamos com uso da robótica em cirurgias com superobesos é bastante encorajador: 50% menos complicações e 70% menos reoperações. a desvantagem até o momento é o tempo operatório, mas com o tempo e a experiência dos cirurgiões isso tende a reduzir em breve”. Para o cirurgião, o uso da máquina ajuda como um afastado do fígado (que tem um enorme volume nesses casos) e evita a lesão hepática, além de gerar imagens estáveis e em 3D e facilitar em termos ergonômicos.

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